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A flor solitária
Em um deserto distante, vivia uma solitária flor. Tão bela, delicada
e com um
perfume tão bom que a própria areia desviava-se com a ajuda do vento para não
molestá-la.
Afinal, era a única flor do deserto... Ela dava à paisagem árida
um toque de vida e luz.
- Por que nasci assim? - pensava ela - tão longe de minhas
irmãs e primas?
Olhava ao redor e só via areia clara e o céu azul.
Os grãos de areia
adoravam visitá-la.
Ela, tão linda e colorida, alegrava e dava vida àquele deserto.
Alguns grãos de areia viajavam dias e dias para conhecê-la. Comentavam entre
si como era mais bela a paisagem graças à presença daquela flor.
Mas a flor, por não entender sua missão, sentia-se muito só. Se existia um
motivo para a sua vida, qual seria ele?
Os grãozinhos de areia tentavam se comunicar com ela, mas por pertencerem a
dimensões, ou reinos diferentes (vegetal e mineral), eles não conseguiam
transmitir à flor o quão importante e
necessária era a sua presença ao
deserto.
Em cada amanhecer, a flor olhava ao redor em busca de
algum sinal de vida.
Deprimida, ela, então, definhou e morreu.
Os grãos de areia, que nada puderam fazer, entristeceram-se.
Já não queriam
mais passear e até o vento, naqueles dias,
desistiu de soprar... Perguntavam
eles:
- Será que a flor que procurava vida ao seu redor não percebeu
que ela era a
própria vida? Ela era a alegria e o colorido da paisagem! Por que insistiu em
procurar fora aquilo que estava
dentro dela?
1634
Maktub
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