Remédio
contra calvície pode ter sido descoberto
Cientistas e estudantes da Universidade de Michigan,
nos Estados Unidos, acreditam ter descoberto uma
solução para a calvície humana, por acidente,
quando realizavam estudos sobre o câncer.
Os detalhes da descoberta publicados no número
de amanhã, quinta-feira, da revista Genes and
Development indicam que ela foi feita pelo
estudante David Van Mater quando ele estudava a
influência de uma proteína no desenvolvimento de
tumores cancerígenos.
Van Mater injetou a proteína beta-catenina em um
grupo de ratazanas e esperava que depois de um tempo
os roedores começassem a desenvolver tumores em um
setor do dorso que tinha sido barbeado.
No entanto, reparou que o espaço barbeado estava
coberto de pêlo, não de tumores.
Isso permitiu aos cientistas participantes da
investigação estabelecer que a proteína que
intervém no desenvolvimento de vários tipos de câncer
também produz um mudança nos folículos capilares
que leva ao crescimento de novo cabelo.
Segundo Andrzej Dlugosz, professor de
Dermatologia do Centro Integral do Câncer da
Universidade de Michigan, outros pesquisadores já
tinham determinado que a proteína e outros genes são
importantes no desenvolvimento normal dos folículos
nos embriões e depois do nascimento.
No entanto acrescentou que "o novo do estudo
é a descoberta de que a breve ativação da proteína
betacatenina em folículos em repouso pode ser
suficiente para desencadear as mudanças necessários
para gerar cabelo normal".
Segundo Eric Fearon, professor de Oncologia do
Centro Integral do Câncer, o objetivo original da
pesquisa era determinar o tipo de relação
existente entre a proteína e os tumores porque até
agora se sabia que a beta-catenina estava vinculada
ao câncer como portadora de sinais de crescimento
ao núcleo das células.
"Se a expressão do beta-catenina na célula
não é controlada e se regula adequadamente, muda
os patrões normais da expressão genética. Isto
pode levar a vários tipos de câncer, especialmente
o câncer de cólon", disse.
No estudo foram usados ratos alterados mediante a
inserção de genes em óvulos fertilizados. Dessa
forma, os cientistas criaram um roedor transgênico
com uma forma induzível de beta-catenina em suas células
e folículos dermatológicos.
Van Mater aplicou uma substância química nas
partes raspadas dos ratos transgênicos com o fim de
ativar o funcionamento da proteína que,
supostamente, deveria dar a partida ao
desenvolvimento de tumores.
"Mas nunca vimos nenhum tumor, somente um
enorme crescimento de células foliculares",
assinalou Van Mater no artigo. Os cientistas também
notaram outras mudanças na pele que sugeriram uma
fase de crescimento excessiva no ciclo capilar.
Segundo Van Mater, os folículos capilares são
como um miniórgão do corpo que atravessa ciclos de
crescimento, regressão e descanso e podem
regenerar-se completamente em cada fase de
crescimento.
Para Dlugosz seria temerário assegurar que se
encontrou o remédio para a calvície que tantos
esperam. "Nossa descoberta sugere algumas
estratégias potenciais para induzir ao crescimento
capilar, mas é prematuro pensar que estes
resultados levarão a novos tratamentos para
resolver o problema da calvície masculina",
disse.
Explicou que muitos folículos em homens carecas
ou que estão perdendo o cabelo se reduziram
consideravelmente de tamanho, por isso reativar seu
crescimento não produziria cabelo normal.
Por outra parte, seria necessário regular com
muito cuidado a ativação do beta-catenina porque
se se perde o controle poderia incentivar-se o
desenvolvimento de tumores no cólon, fígado e ovários.
Agência EFE
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