Para empresas, faltam profissionais qualificados na área de tecnologia
Free-lance para a Folha
Enquanto aumenta o ritmo de inovação tecnológica no país e cresce a aplicação
da informática nos mais diversos setores da sociedade, formam-se cerca de 30
mil profissionais por ano em áreas ligadas à tecnologia da informação e
comunicação (TIC). Ainda assim, as empresas reclamam da falta de
profissionais.
'Temos uma janela de oportunidades em TIC no país. O que falta é gente
qualificada', alerta Pier Carlo Sola, diretor-presidente do Porto Digital,
parque tecnológico pernambucano que abriga 68 empresas da área.
Apesar de não haver estatísticas que revelem a expansão do setor,
especialistas consultados pela Folha estimam o crescimento em torno de
10% ao ano. Com isso, a não-regulamentação das profissões ligadas à
computação torna ainda mais acirrada a disputa por vagas e delega ao mercado
a seleção do bom profissional.
Há oito projetos de lei sobre o tema em tramitação na Câmara dos
Deputados. Só o da Sociedade Brasileira da Computação (SBC) é contrário
à regulamentação.
'Como a informática é transversal a todas as profissões, o exercício da
atividade é livre. Por isso somos contra a reserva de mercado e a criação
de conselhos de informática', diz Roberto Bigonha, diretor de regulamentação
da SBC.
'Independentemente da formação, o profissional de TIC tem de estar
comprometido com o aprendizado contínuo e interessado em trabalhar com gestão
de projetos, saber se comunicar e trabalhar em diversas equipes', diz o
gerente de carreiras da faculdade IBTA, Marcos Vono.
É uma carreira multifacetada, que encontra espaço em consultorias,
cooperativas, grandes empresas, locais que terceirizam mão-de-obra ou no
empreendedorismo.
'Mas o profissional tem de ter visão do negócio e conhecer a realidade da
empresa que atende, senão ficará sem emprego', alerta Ivair Rodrigues,
agente de pesquisa em TI da IDC (International Data Corporation) no país.
Segundo o cadastro das instituições de educação superior do Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep, ligado ao MEC), há 1.021
cursos superiores ligados a computação, informática, tecnologia da informação
e análise de sistemas.
'Mas só metade dos alunos tem formação adequada. Ou seja, de 12 mil a 16
mil novos profissionais precisam passar por uma requalificação logo que saem
da universidade para poder entrar no mercado de trabalho', diz Sola, do Porto
Digital.
Nichos
Há vários nichos promissores dentro do setor. 'Segurança da informação é
uma área que está explodindo', revela Gilberto Zorello, coordenador dos
cursos de pós-graduação em Ciências Exatas do Senac/SP.
'A segurança é fundamental para garantir que o negócio não esteja vulnerável,
mas sempre disponível. As soluções que hoje são seguras amanhã não serão
mais', completa.
O analista de sistemas Edy Muniz Rojas, 35, há dois meses é o responsável
pela implantação da área de segurança da informação na Unimed. Ao
identificar o nicho, ingressou no curso de gestão da segurança da informação,
no Instituto de Pesquisa Nuclear, da USP. 'O mercado é promissor, mas exige
estudo contínuo.'
'Hoje são apenas cerca de 500 profissionais [especializados em segurança] no
país, que recebem de R$ 7.000 a R$ 9.000', diz Rodrigues, da IDC.
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