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Destino inevitável
das operadoras
Executivos do setor
de telecom enfrentam um grande dilema no dia-a-dia: cumprir as
novas metas de universalização sem deixar de gerar rentabilidade
nos negócios. Esse mesmo impasse acontece na hora de decidir
sobre a expansão da oferta de serviços de banda larga aos subúrbios
do país. Há, porém, uma luz no fim do túnel que poderá
transformar este cenário. Trata-se do padrão WiMax.
Considerado a nova
tecnologia sem fio, o WiMax permite longo alcance e,
dependendo do padrão, portabilidade. Ou seja, duas
funcionalidades consideradas extremamente competitivas quando
analisamos a extensão territorial do mercado brasileiro e a
característica monopolística do setor de telecomunicações.
Outra vantagem é que a tecnologia demanda muito menos
investimento que uma porta de DSLAM (padrão que permite a oferta
dos serviços ADSL como Speedy, Turbo, Velox, entre outros) ou uma
rede bidirecional de TV a cabo para atingir o mesmo número de
assinantes. Ou seja, o retorno do investimento também é mais rápido.
O lado ruim do WiMax
é que essa tecnologia ainda não está pronta. Ou seja, o risco
em ser pioneiro é imenso. Cito apenas um dos óbstáculos que o
aventureiro terá que enfrentar: a tecnologia proprietária, que
poderá deixar a operadora amarrada por um bom tempo a um único
fornecedor. Entretanto, quem estiver disposto a pagar pelo
pioneirsmo, poderá, no futuro, obter bons resultados.
Um dos primeiros
casos dessa aposta foi da Telefónica de España, que resolveu
investir em WiMAX mesmo com soluções que ainda não foram
certificadas nem homologadas e são conhecidas como pré-WiMax.
Resultado: a empresa não só atingiu a meta de levar acesso à
internet às regiões rurais como também investiu muito menos que
o necessário para implantar uma tecnologia de banda larga fixa.
No Brasil, a subsidiária
do grupo espanhol optou pela cautela e está investindo em redes
com tecnologia CDMA, conhecida como o padrão da operadora móvel
Vivo, para o atendimento das metas de universalização. Além de
não arriscar seus investimentos, a Telefônica do Brasil ainda
consegue ganho de escala com a escolha do CDMA em função do
baixo custo dos terminais.
A partir de 2006,
entretanto, com a certificação e homologação dos produtos
WiMax IEEE 802.16d, o preço dos equipamentos tende a cair em função
da quantidade das empresas, que estão apostando nesse mercado em
torno do mundo. E se a cautela das operadoras fixas se mantiverem
pode ser que o dilema da universalização versus rentabilidade
aumente já que é bem provável que empresas que estão dispostas
a abocanhar uma fatia da telefonia local investem no padrão WiMax.
A Embratel, que hoje
é a única grande operadora do Brasil que não está participando
ativamente do filão de banda larga, poderá jogar suas fichas na
nova tecnologia. Com o maior backbone de fibra óptica nacional,
uma infra-estrutura de satélites e enlaces de rádio, a operadora
pode eventualmente operar com um OPEX menor do que as demais
concessionárias.
Em breve, a Frost
& Sullivan deve detalhar aos interessados do setor de
telecomunicações o potencial do WiMax no Brasil. O estudo já
aponta que com o auxílio do WiMax, o Brasil poderá oferecer
serviços de banda larga mais acessíveis e trará, em última
instância, incontáveis benefícios para os usuários. Entre eles
estão a competição na oferta de banda larga em regiões
remotas, acesso à internet para diversas localidades sem
cobertura e principalmente preço razoável ao consumidor.
* Alex Zago é
analista de pesquisa da Frost&Sullivan.
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