Conta-se que um rico fazendeiro foi queixar-se ao padre da paróquia
local, dizendo que as pessoas não o viam com bons olhos porque ele não
ajudava as outras pessoas nem contribuía com as obras assistenciais da
igreja e disse ao sacerdote:
- Ora, todos sabem que quando eu morrer deixarei tudo o que tenho para a
igreja e seus pobres.
O sacerdote, homem sábio, disse ao fazendeiro:
- Vou lhe contar uma história. A história da vaca e do porco.
Fez uma pausa e continuou:
- Um dia o porco foi reclamar com a vaca porque ninguém lhe dava valor.
Todos o desprezavam. Afinal, disse o porco, eu dôo tudo o que tenho aos
homens. Eles consomem a minha carne, usam meus pelos para fazer pincéis,
e aproveitam até meus ossos. Mesmo assim sou um animal desconsiderado. O
mesmo não acontece com você, que dá apenas o leite e é reverenciada
por todos, concluiu o pobre porco.
A vaca, que ouvia com atenção, falou:
- Talvez seja porque eu dôo um pouco de mim todos os dias, enquanto estou
viva, e você só tem utilidade depois de morto.
O fazendeiro agradeceu ao padre pela lição e se retirou pensativo.
E você, em que tem contribuído com a sociedade da qual faz parte,
enquanto está a caminho? Muitos pensam e agem como o fazendeiro.
Pretendem dispor dos seus bens apenas depois da morte, quando não
precisarão de mais nada. Outros pensam em doar um pouco do seu tempo ao
próximo só depois que se aposentarem. No entanto, a necessidade não
aguarda o tempo propício para visitar os desafortunados. A carência pede
socorro agora, não mais tarde. A necessidade roga mãos caridosas hoje, não
amanhã. A ignorância solicita esclarecimento imediato, não num futuro
distante.
Existem tantas frentes de trabalho aguardando mãos dispostas a se
movimentar em prol do semelhante, nos mais variados campos de ação.
Basta boa vontade e disposição.