Queda
das pontocom esvazia salas de informática
Depois do naufrágio das companhias de Internet, os alunos estão
abandonando as faculdades de informática, na esperança de encontrar o
trabalho de seus sonhos em campos de atuação diferentes.
Há apenas três anos, as
classes de Informática da Universidade de Berkeley, na baía de São
Francisco (Califórnia), eram tão cheias, que os alunos tinham de se
sentar nos corredores.
Depois da ruína do setor
e o fim do entusiasmo com as empresas de alta tecnologia, estas mesmas
aulas, antes disputadas pelos alunos, estão às moscas.
O panorama em outras
universidades americanas, como a Universidade de San José, a Virginia
Tech (com queda de 40% no corpo de alunos desde 2001), ou até no
prestigioso Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), é similar ao
de Berkeley.
Esta é uma situação
muito diferente da que se via no período entre 1995 e 2000, no qual,
conforme a pesquisa Taulbee da Associação de Pesquisa Informática,
tinha se duplicado o número de matriculados nestas matérias nas
universidades dos Estados Unidos.
A situação preocupa os
educadores e a empresa privada, que temem que, se o número de inscritos
nas escolas de informática continuar a cair, pode pôr em risco o
progresso nos campos da tecnologia. Além disso, indicam, quando os bons
tempos voltarem, os programadores de informática podem não dar conta de
todo o trabalho.
Nesta época de vacas
magras, as tentadoras ofertas de emprego a jovens universitários, que
ainda nem tinham terminado seus estudos, são apenas uma lembrança. A
Intel, por exemplo, líder mundial em computadores, contratou em 2000, ápice
do boom da Internet, quase 2.500 graduados. No ano passado, este número
chegou a 500.
A situação é similar
em outras grandes companhias como a Cisco, que reduziu em 5% sua equipe no
último ano, ou a Sun Microsystems, que cortou 10,5% de seu quadro de
funcionários.
Certamente, os bônus, ações
e outras vantagens com as quais as empresas tentavam conquistar os
melhores talentos, até mesmo sem currículo em alguns casos, já entraram
para a história.
Enquanto diminui o número
de novas matrículas, aumenta, porém, o número de estudantes que tentam
se manter nas salas de aulas por mais tempo nos programas de pós-graduação
(mestrados e doutorados).
O MIT, por exemplo,
recebeu 3 mil novos pedidos para o próximo ano escolar para concorridos
120 lugares. Há quatro anos, este número era de, aproximadamente, 2 mil
solicitações.
Os estudantes estão
optando por setores aos quais se atribui maior projeção a curto prazo,
como o de biotecnologia ou de negócios.
"Se exageraram com o
boom, por que não iam exagerar com a queda?", disse Anne
Hunter, do MIT, ao jornal The New York Times. Para outros, a situação
é, simplesmente, uma volta à normalidade. "A loucura acabou e,
agora, voltamos ao que era antes", acredita Grabby Silverman,
executivo da IBM. "Daí a dizer que agora não há empregos na indústria,
há um grande salto", afirmou. EFE
Agência EFE
|