Rádio gay
mexicana é destaque na Internet
O país que mostrou ao mundo o mariachi também abriga a primeira
rádio em espanhol na Internet com conteúdo inteiramente voltado
ao público gay, e cuja audiência está crescendo não apenas na
terra dos machões mexicanos bebedores de tequila.
A estação Gdl
Radio Gay foi lançada há seis meses na cidade
de Guadalajara e já recebe 125 mil visitas mensais, além de 5
mil conexões para ouvir algum dos 17 programas que transmite ao
vivo semanalmente.
"Estamos surpresos com tudo o que já conseguimos. Nosso
objetivo era ter, em dois anos, contatos com comunidades de toda a
América Latina e em três anos com a Europa. Mas já conseguimos
tudo isso em poucos meses", disse o diretor da Gdl Gay Radio,
Miguel Galán.
Piloto de helicóptero de 25 anos, Galán é o criador da estação,
que tem 45 colaboradores entre locutores, produtores e pessoal
administrativo.
Além do México, a rádio cibernética conta com ouvintes na
Colômbia, República Dominicana, Austrália, Peru, Espanha, França,
Estados Unidos, Suécia, Brasil, Finlândia e Canadá, disse Galán
em entrevista à Reuters.
Sua aceitação em outros países tem sido tão grande que na
Bolívia cogitou-se a criação de uma rádio semelhante, com
outro nome, mas mantendo o mesmo logotipo da estação mexicana.
Além de transmitir música, a Gdl Gay Radio produz programas
de conteúdo que varia desde análise e sátiras políticas até
temas como Aids, tecnologia, culinária, sexualidade, humor e
orientação psicológica.
"Nosso objetivo é dar voz a quem não tem. Não somos
ativistas", explicou Galán no estúdio montado na casa de
seus pais, de onde saem as transmissões da rádio.
Desde abril a rádio também transmite um programa numa das
estações de maior prestígio e audiência da cidade: a Rádio
Universidade Guadalajara, ouvida em todo o Estado, inclusive no
balneário turístico de Puerto Vallarta, que também é um dos
destinos favoritos do público gay.
Na opinião do contador Ricardo Zúñiga, de 38 anos e
homossexual assumido, "a rádio faz um ótimo trabalho, mas
ainda falta incluir as lésbicas e os bissexuais, por
exemplo".
Guadalajara, em cuja zona urbana vivem mais de 4 milhões de
pessoas, é vista como uma das cidades mais conservadoras do México,
onde as autoridades proibiram o uso de minissaia e de palavras
chulas em espaços públicos. Além disso, é sede de grupos de
militância católica extrema.
"Pela Internet acho bom. Se essas coisas saíssem na rádio
normal, eu acharia forte demais", comentou a dona de casa
Simona Sierra. "Acho que seria má influência para os
jovens."
Reuters
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