Arte alternativa

Organizadores do Mercado Mundo Mix lançam feira
de móveis e objetos de decoração
Greice Rodrigues

Que tal substituir o velho sofá da sala por cadeiras feitas de pneus? Ou quem sabe decorar um ambiente da casa com vaso e flores de alumínio? Ou ainda criar uma sala de jantar com móveis dos anos 50? Pode parecer exagero, mas é com esse conceito que o Mercado Casa Mix, uma feira de design que aconteceu nos dias 24 e 25 de maio em São Paulo, quer atrair consumidores. O espaço mistura arte, objetos utilitários, artesanato, telas e até brechós de móveis, produzidos por jovens artistas e vendidos a preços acessíveis. A proposta da feira também é diferente. Os visitantes podem comprar qualquer produto em exposição e levar na hora. “A feira é ideal para quem está começando a montar sua casa e dispõe de pouco dinheiro”, diz a empresária paulista Fabíola Kassin, uma das organizadoras do evento. Com 70 expositores, a primeira edição da feira aconteceu no Paço das Artes da Universidade de São Paulo e foi visitada por mais de seis mil pessoas. O evento acontecerá a cada dois meses na capital paulista e a partir de julho também irá para o Rio de Janeiro.

Idealizada pelos mesmos criadores do Mercado Mundo Mix – conhecido em todo o País como uma das mais badaladas feiras de moda e entretenimento, que acontece em São Paulo e mais seis capitais do País –, de onde surgiram estilistas famosos como Alexandre Herchcovitch, Marcelo Sommer, Caio Gobbi, entre outros, o Casa Mix também segue a mesma proposta: lançar novos designers, tendências e aproximar esses artistas de um público que vive atrás de novidades. “Esse espaço sempre existiu dentro do Mercado Mundo Mix, mas o número de expositores cresceu e daí surgiu a idéia de criarmos uma feira só para divulgar esses novos trabalhos. Tudo que está aqui é exclusivo e não está disponível no mercado”, diz Fabíola. Alguns desses artistas são representados por escritórios de arte. Entre eles, o Regina Pinho de Almeida, que levou 18 designers, a pedido dos organizadores. “Muitos jovens têm dificuldade de entrar no mercado de trabalho. A Casa Mix irá facilitar o encontro do artista com o consumidor”, diz Regina.

O estilo das obras é vanguardista, mas o público que compareceu
ao Casa Mix era bem eclético. Teve do mais excêntrico ao menos descolado. “Queremos oferecer arte não apenas para o público que frequenta o Mundo Mix, que tem entre 15 e 25 anos, mas também
para quem curte um estilo diferente”, afirma Fabíola. Pela intensa movimentação no estande do design Daniel Beato, 25 anos, uma
das atrações da feira, a tática deu certo. O artista escolheu peças
de carro e objetos de ferro velho para criar cadeiras, mesas, luminárias
e até um suporte para pendurar roupas. “Tive a idéia de criar esses objetos no momento em que fui trocar os pneus do carro. Em vez de jogá-los fora pensei que poderia utilizá-los de alguma forma. Deu certo. Passei, então, a recolher peças na rua como calota, pedaços de cano
e até portões velhos para transformá-los em arte. As pessoas gostaram bastante e até me surpreendi”, conta orgulhoso o jovem que é formado em design de produto pela faculdade de Belas Artes.

Garimpo – Arrojado também foram os trabalhos produzidos pelos designers Pedro Paulo Almeida e Kátia Almeida, da marca Urano. Nas mãos dos artistas, o alumínio ganhou nova utilidade e virou objeto de decoração. Vasos e flores em alumínio contorcido caíram nas graças dos visitantes. “Acho que isso aqui vai longe. A moçada percebeu que não se tratava apenas de uma balada. Quem veio visitar o Casa Mix não saiu de mãos vazias”, acredita Pedro Paulo.

Mas não foi só a nova arte brasileira que fez sucesso no Casa Mix. Objetos antigos, produzidos nos anos 50, 60 e 70 também tiveram destaque. “Tem gente que vem aqui só para garimpar peças antigas. Outros gostam de misturar os estilos moderno e antigo e estão aproveitando para levar o que ainda não tem em casa”, diz Fernando Figueiredo, do espaço Mancebo Café e Design, uma loja especializada em móveis e objetos antigos.

A feira também reservou espaço para projetos sociais. Um deles foi criado por adolescentes do grupo Criativo, da Cidade Escola Aprendiz, uma organização não-governamental de São Paulo que desenvolve trabalho de arte-educação com jovens e adolescentes de baixa renda. Mesas com mosaico de cerâmica vitrificada e vasos com desenhos coloridos eram vendidos pelos aprendizes de designers.

Os atrativos Casa Mix, porém, não se limitaram à exposição de obras de arte. Quem circulou pelos corredores da feira pôde ainda conferir uma boa programação cultural, que incluiu exposição de fotografias, performances, sebos de livros e discos. Ao final da feira, os menos cansados ainda se esbaldaram na pista de dança ao som de muita música eletrônica.

 

 

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