Equipamentos
eletrônicos causam danos à saúde?
Sílvio Mauro Monteiro
É verdade que o telefone celular pode causar câncer? E quem mora perto
de uma dessas antenas de telefonia móvel, corre risco de contrair alguma
doença? Monitores de computador fazem mal à visão? Desde a popularização
dos equipamentos eletrônicos como computadores e aparelhos portáteis de
comunicação, ouve-se falar de potenciais danos à saúde que eles podem
causar. Mas será que estamos realmente correndo risco de vida aderindo às
facilidades da vida moderna? O que existe de mito e verdade nesse medo de
engenhocas?
De acordo com o
engenheiro Célio Melo, especializado em Segurança do Trabalho, a exposição
intensiva a fontes de radiação pode, sim, causar doenças a longo prazo.
Ele cita como exemplo o telefone celular: "é uma fonte de ondas de rádio
praticamente colada no cérebro". Para Célio, mais de duas horas diárias
usando o aparelho já merece ser taxado como exagero e potencialmente
perigoso.
O engenheiro afirma que,
por enquanto, não existem estudos conclusivos sobre os males de
equipamentos eletrônicos, mas "há fortes indícios, exatamente como
aconteceu com o aparelho de raio x, que mais tarde foi comprovado como uma
causa de doenças". Ele vai mais além: há seis anos trocou o forno
de microondas pelo elétrico, afirmando que também há a suspeita de que
sua radiação poderia causar cegueira a longo prazo.
Mas até que ponto
estamos vulneráveis a tantas fontes de energia como torres e aparelhos de
telefonia celular, microondas e monitores de computador? O professor
Lindberg Lima, do Departamento de Física da Universidade Federal do Ceará,
reconhece que "nós recebemos radiação o tempo inteiro, inclusive a
potencialmente danosa", mas garante que "é em proporção muito
pequena e não faz mal".
Torres de celular, de
acordo com ele, são construídas a uma distância que permite que a
energia se disperse, impedindo a contaminação das áreas residências próximas.
"O problema não é a radiação, mas o contato com áreas de muita
concentração". Lindberg compara com a exposição à luz intensa:
ficar muito tempo no sol ou colocar a mão embaixo do foco de uma lente
podem queimar a pele, mas ninguém precisa deixar de ir á praia por isso.
Já em relação ao forno
microondas, o professor afirma que sua radiação é comprovadamente
perigosa e a exposição prolongada à sua energia pode realmente causar
danos à saúde, mas se o aparelho estiver bem blindado esse risco não
existe. Sobre o uso de telefone celular, o tempo de exposição vai
depender da potência do aparelho, segundo o físico, e os aparelhos estão
ficando cada vez mais fracos na capacidade de emitir ondas, prejudicando
menos os usuários. Lindberg reconhece que "não estão
descartados" eventuais danos à saúde por parte de aparelhos eletrônicos
presentes no cotidiano das cidades, mas nada foi comprovado, por enquanto.
Concorda com ele o doutor
Adriano Lopes, especialista em Medicina Nuclear. "O que existe são
observações empíricas, não estudos conclusivos sobre o assunto. É a
mesma relação de causa e efeito que acontece quando alguém acha que
ficou resfriado após ir à praia", compara. Para Adriano, o recomendável
em todos os casos é o bom senso. "Tudo em excesso pode fazer mal, e
isso também vale para aparelhos eletrônicos", diz.
Por isso, desfrute das
maravilhas da tecnologia sem culpa, tomando alguns cuidados básicos:
verifique a blindagem do seu microondas, use o celular sem exageros e
diminua o brilho do seu monitor de computador - conforme Célio Melo,
monitores não emitem muita radiação, mas a exposição prolongada a uma
tela com luminosidade muito forte pode causar redução da capacidade de
visão noturna.
Para achar o brilho ideal
do monitor, o engenheiro dá uma dica: coloque ao lado da tela um papel
branco e procure fazer com que a visibilidade fique um pouco melhor que a
do papel. Por fim, Célio lembra que o objeto fica a poucos centímetros
dos olhos. "Se é desaconselhável assistir televisão com a luz
apagada, para os monitores isso é impensável", afirma.
O
Povo
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