Da Redação
Em São Paulo*
A Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP desenvolveu
uma tecnologia que permite a fabricação de "chocolate" de
cupuaçu (Theobroma grandiflorum), um fruto da família do cacau.
Ao todo, seis produtos, entre "achocolatados" e
"chocolates", constam no pedido de patente feito recentemente
pela FCF.
A professora Suzana Caetano da Silva
Lannes, do Departamento de Tecnologia Bioquímico-Farmacêutica, responsável
pela pesquisa, trabalha com o desenvolvimento do chocolate de cupuaçu há
seis anos. "Esse é um produto com grande potencial, pois o preço
da gordura do cupuaçu, que entra na formulação do chocolate, custa
cerca de um terço da gordura do cacau", afirma.
Além da vantagem econômica, o "chocolate" de cupuaçu também
é mais saudável. Segundo a pesquisadora, essa fruta tem o teor de
teobromina, substância com efeitos estimulantes como os da cafeína,
bem menores que os do cacau. A diferença entre os teores das duas
frutas é em torno de 85%. Além de diferenças com relação à
cristalização.
Produtos
Foram desenvolvidas três versões de "chocolate": o meio
amargo, o ao leite e o branco (que não leva a massa do cupuaçu, apenas
a gordura). "As formulações foram acertadas para que os produtos
finais tivessem consistência semelhante às dos chocolates
tradicionais. A gordura de cupuaçu apresenta maciez bem maior que a
manteiga de cacau, o que faz com que o produto sem o ajuste seja muito
"mole", difícil de ser comercializado em países com clima
tropical", explica Suzana.
Os produtos "achocolatados" de cupuaçu protegidos pela
patente são o tradicional, o adicionado de cálcio e o dietético. A
inovação é que as três variedades receberam um tratamento para torná-las
instantâneas, ou seja, para que dissolvam assim que colocadas no leite.
Os achocolatados do mercado, em geral, não se dispersam por completo e
acumulam no fundo do copo.
"Daqui para a frente, vamos trabalhar o desenvolvimento de linhas
industriais, com pesquisas para a produção de bombons e de sorvete,
por exemplo", conta Suzana, que já foi consultada por empresas do
ramo.
* com informações de Simone
Harnik,
da Agência USP de Notícias.