Cavalo-de-tróia tem sua própria porta dos fundos
 
Murilo Pinto

Um cavalo-de-tróia distribuído livremente no submundo da Internet vem com sua própria porta dos fundos, criada pelo seu autor. Esse tipo de ferramenta normalmente vem disfarçada como um programa útil e é usada por crackers para controlar computadores alheios remotamente. Ao manter uma porta dos fundos no programa, o autor poderia utilizá-lo para invadir os computadores que seus usuários tivessem invadido sem esforço.

O Optix Pro é, como afirma a coluna de Kevin Poulsen na SecurityFocus, um programa de controle tão completo que pode ser considerado um verdadeiro software de gerenciamento remoto. Poderia até passar por legítimo, não fossem as funções voltadas ao "crime", como a desativação de firewalls e antivírus. O controlador remoto pode alterar arquivos e o registro do Windows, espiar o usuário através de webcams ou gravar o que é digitado no teclado. Segundo Poulsen, um contador no site que distribui o programa indicava cerca de 270 mil downloads.

Para controlar o computador remoto, o invasor precisa convencer a vítima a instalá-lo, provavelmente por meio de engenharia social, ou utilizar uma vulnerabilidade já existente na máquina alvo. Ao ser executado, o programa instala um servidor que permite o controle remoto. O "dono" do cavalo-de-tróia define uma senha para manter a exclusividade do controle, procedimento comum em softwares do tipo.

No caso do Optix Pro, o autor, conhecido como "s13az3", inseriu uma senha mestra, que permitia a ele entrar em quaisquer servidores instalados pelos usuários de seu programa. A senha estava criptografada no código binário do programa, mas hackers conseguiram identificá-la ao ser decriptada na memória RAM dos computadores das vítimas. Poulsen afirma que a senha pode ter começado a circular no ano passado. Em maio último, ela foi publicada em um site hacker, o que forçou "s13az3" a admitir sua existência.

O autor do cavalo-de-tróia teria afirmado que a senha nunca foi utilizada para entrar nas máquinas controladas pelos usuários do programa. A senha mestra seria um modo de livrar-se da Justiça, caso as autoridades estivessem próximas de descobri-lo: nesse caso, "s13az3" divulgaria a senha mestra, o que diminuiria o interesse pelo programa e, conseqüentemente, por seu autor.

Poulsen consultou um especialista em segurança para comentar o caso. Mark Loveless, analista sênior da empresa Bindview Corporation, acha que há uma lição a ser aprendida com toda essa história. "O caso mostra de modo óbvio que sempre se deve usar trojans com código aberto", diz. "Esta é a moral da história. Você não pode confiar nem nos malwares do Windows".
 InfoGuerra

 

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