Casa
noturna de Barcelona instala chip em clientes
Simon
Morton
Imagine ter uma cápsula medindo 1,3 milímetros por
1 milímetro - cerca do tamanho de um grão de arroz
- injetado dentro de sua pele. A idéia de ter um
microchip próprio, implantado no meu corpo, me atraía.
Eu sempre gostei de novidades, então pensei,
"por que não?".
Instalar
microchips que emitem Identificação de Frequências
de Rádio (IFR) é comum para animais. Alguns países,
inclusive, cogitam tornar a medida compulsória para
donos de animais de estimação.Na semana passada
fui à glamourosa cidade espanhola de Barcelona,
entrar no exclusivíssimo clube noturno Baja Beach.
Cirurgia
A casa oferece aos seus clientes VIP a oportunidade
de injetarem o chip, com seringas, em seus braços.
O
chip não só lhes dá acesso a áreas VIP da casa,
mas também funciona como um cartão de débito para
que os membros possam pagar suas contas.Isso é algo
bastante útil para uma casa notuna localizada na
praia, onde biquínis e calções são comuns e
carregar bolsas ou carteiras, uma tarefa nada prática.Eu
conversei com o dono do clube, Conrad Chase, que
teve a idéia enquanto tentava desenvolver o mais
vanguardista dos cartões de sócio para os membros
do clube. Ele foi a primeira pessoa a utilizar a cápsula,
fabricada pela VeriChip Cororation.
Laila
Com um documento legal nas mãos, Conrad pediu para
que eu confirmasse que, se quisesse o chip removido,
isso seria minha responsabilidade.Quatro aspirantes
a membros VIP sentavam, tranqüilamente, saboreando
suas bebidas enquanto a enfermeira Laila preparava o
equipamento cirúrgico.Com fosse cena de um filme de
ficção científica, luvas de látex e seringas
foram depositadas na mesa enquanto o DJ tocava
faixas dance, tão altas que faziam meu coração
pular. Ou seria apenas medo?Várias perguntas
passavam pela minha cabeça. Vai doer? Quais são os
riscos? E se eu não quiser mais isso?Achei melhor
pedir outro drinque.
Injeção
Laila começou desinfetando a parte superior do meu
braço, antes de aplicar um analgésico local para
amortecer a área onde o chip seria implantado.Com
uma grande seringa na mão, ela testou o local, o
que me fez hesitar. Ela aplicou outra dose de anestésico.Com
meu braço amortecido, Laila inseriu o microchip
entre a minha pele e a camada de gordura do meu braço.Ela
pressionou a seringa e ali estava: meus dez dígitos
instalados seguramente no meu corpo.
Dor?
O chip é feito de vidro e não oferece risco de
reagir dentro do corpo.Ele emite freqüencias de rádo
tão baixas que não interferem no sistema de
segurança de aeroportos.O chip responde a um sinal
quando o scanner é passado próximo a ele e
transmite o número de identificação.O número é
ligado a um banco de dados que se comunica com os
dados da casa noturna, que então cobra os
clientes.Se eu quiser deixar o clube, basta ter ele
removido cirurgicamente, um processo muito simples,
semelhante ao de instalá-lo.Sobre a questão da
dor, ter o chip instalado foi muito fácil,
totalmente indolor.O que doeu mesmo foi a minha cabeça,
no dia seguinte, após uma noite inteira passada em
um bar na praia.
BBC Brasil
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