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Sem
pizza, sexo e TV, presos se sentem
"como cães"
Privados de seus televisores de tela plana,
celulares, entregas de pizza e longas visitas íntimas,
os detentos da principal prisão de segurança máxima
do México disseram na segunda-feira que estão
sendo tratados "como cães".
Por causa da repressão do governo aos luxos
existentes nas celas de traficantes e outros
criminosos na penitenciária de La Palma, nos
arredores da Cidade do México, os presos do local
ameaçam se rebelar contra as condições
"desumanas".
Hoje, eles publicaram um anúncio de página
inteira no jornal La Reforma, o principal do país,
e pediram ao presidente Vicente Fox que respeite
seus direitos humanos. Eles também reivindicam o
direito de comprar o refrigerante que quiserem na
pequena mercearia da prisão.
Durante todo este mês, o governo enviou tropas
para dentro das prisões de todo o México,
inclusive a de La Palma. Revistando cada cela, os
soldados retiraram todos os pequenos luxos dos
presos. As visitas íntimas também foram
suspensas. Traficantes importantes foram
transferidos para dificultar sua organização.
Não se sabe ainda quem pagou pelo anúncio,
assinado pelos "presos de La Palma". No
México, sempre foi comum que bandidos importantes
tivessem privilégios na cadeia, enquanto os
criminosos menos respeitados sofriam frequentes
abusos.
No anúncio, os presos de La Palma dizem que
agora estão sendo torturados por guardas
mascarados e que só recebem uma refeição diária,
fria, à 1h da madrugada.
"Pessoas de preto, azul e cinza, com o
rosto coberto por capuzes de esqui, constantemente
vêm às nossas celas, nos batem e chutam, dizendo
que, para uma verdadeira reabilitação social,
temos de obedecer às ordens, e que só vamos
entender isso pela violência", disseram os
presos.
"Isto está nos degradando, estão nos
tratando como cães, como animais, como se não
valêssemos nada, dizendo que estamos neste lugar
para sermos severamente punidos, porque somos a
escória da sociedade".
"Só pedimos para sermos tratados como
humanos que somos. O fato de que fomos privados de
nossa liberdade não significa de forma alguma que
nossos direitos mais básicos como cidadãos
mexicanos foram suspensos. Portanto, pedimos clemência
para que a justiça seja feita e os nossos
direitos humanos sejam respeitados".
Reuters
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