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Biblioteca
digital do Google preocupa a Europa
Os europeus estão seriamente preocupados com o projeto do Google de
oferecer na Internet uma enorme biblioteca baseada nas coleções de
diversas universidades do mundo. A grande crítica é que o Google estaria
favorecendo a cultura anglo-americana, num "comando unilateral do
pensamento do mundo".
O projeto, anunciado em
dezembro último, envolve escanear milhões de livros nas bibliotecas de
quatro universidades - Oxford, na Inglaterra, Harvard, Stanford e
Universidade de Michigan nos EUA - e a Biblioteca Pública de Nova York, e
levará anos para ser concluído, de acordo com a Associated Press.
A preocupação é tanta
que seis países europeus propõem a criação de uma biblioteca digital
européia em oposição ao projeto do Google. França (que lidera a
iniciativa), Alemanha, Itália, Espanha, Polônia e Hungria buscam ter o
apoio de outras nações para levar adiante o projeto.
O diretor da Biblioteca
Nacional da França disse que, assim como o presidente francês, Jacques
Chirac, ele quer um mundo multipolar no qual os pontos de vista dos EUA não
sejam os únicos a serem ouvidos. "Não é uma questão de desprezar
as visões anglo-saxônicas. É apenas uma questão de que no simples ato
de se fazer uma escolha, você impõe um certo ponto de vista sobre as
coisas", disse Jeanneney. "Sou favorável a uma visão
multipolar do mundo no século 21", disse. "Eu não quero que a
Revolução Francesa seja recontada por livros escolhidos pelos Estados
Unidos. A imagem apresentada pode não ser boa ou ruim, mas certamente não
será a nossa."
Outra questão levantada
é que, como o Google é hoje uma referência, aquilo que não consta na
ferramenta de busca pode nem ser considerado. No caso de autores famosos,
como Shakespeare, isso não se aplica. Mas autores não tão conhecidos
podem simplesmente "deixar de existir". O ministro da cultura da
Hungria, Andras Bozoki, defende o projeto europeu dizendo que ele dará
voz e vez a países menores e sua literatura.
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