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Controle sem fio vira faca, raquete, volante e revólver
THÉO AZEVEDO
Enviado especial da Folha de S.Paulo a Los Angeles
A estrela da E3 (maior feira de diversão digital do mundo
realizada na semana passada, em Los Angeles) foi uma empresa
que, até pouco tempo, parecia fadada a um honroso, mas
burocrático, terceiro --e último
-- lugar entre as grandes do videogame.
Ela conquistou as mãos e os movimentos dos
visitantes da maior feira de entretenimento eletrônico do mundo
ao apresentar em Los Angeles um controle remoto especial para
seu console de nome também especial --Wii (pronuncia-se uí, como
a palavra "nós", em inglês).
O aparelhinho, semelhante a um controle de TV, revoluciona o ato
de jogar porque tira o gamemaníaco da poltrona. Ele faz o papel
de espada, raquete de tênis, lanterna, volante de carro ou
batuta de maestro com que o jogador interage com as imagens
apresentadas no vídeo.
De certa forma, trilha o caminho inverso dos controles
carregados de botões que marcam os videogames atuais. Assim, a
Nintendo tenta conquistar um público mais amplo. "Para expandir
o número total de jogadores, precisamos tornar nossa experiência
mais amigável e envolvente", disse o presidente da Nintendo,
Satoru Iwata.
Imersão em gráficos fracos
Na apresentação da Nintendo, na véspera da E3, os convidados
viram Iwata, Shigeru Miyamoto (o criador do personagem Mario) e
mais duas pessoas disputando uma partida de tênis em duplas
armados com o Wii Remote --correndo pelo palco, brandiam o
controle como raquete.
Algumas das franquias mais famosas da empresa, como Mario e
Metroid Prime, já estão em desenvolvimento para o Wii, sendo
adaptadas para usufruir as características do videogame. Durante
a E3, os visitantes que se sujeitaram a aguardar as enormes
filas puderam testar 27 títulos.
A empresa parece ter avaliado, porém, que quem estiver com o Wii
Remote na mão não dará tanto peso à qualidade visual do jogo
--os gráficos dos games mostrados são claramente inferiores aos
dos jogos disponíveis para o Xbox 360, da Microsoft, e aos que
devem vir para o PlayStation 3, da Sony.
Talvez por isso a empresa tenha acrescentado um outro elemento
sedutor ao seu produto: o preço, que não foi revelado, mas deve
ficar em patamar bem inferior ao dos concorrentes. Para Iwata,
será perfeitamente possível o jogador possuir um Wii e, ainda
assim, ter um dos outros consoles.
Outro ponto favorável ao aparelho é o baixo consumo de energia,
elemento que torna a rede Wii-Connect24, rede on-line do Wii,
amigável para conexão permanente. Ainda não foram revelados
detalhes adicionais sobre as funcionalidades da rede, mas ela
vai permitir partidas multijogador.
Na verdade, um dos benefícios da conectividade on-line já
bastante alardeado é o Virtual Console, que vai permitir baixar
títulos clássicos de antigos videogames da Nintendo, como Super
Nintendo e Nintendo 64, por preços variados. Títulos da Sega e
de outras produtoras terceirizadas também serão oferecidos.
Some-se a isso a compatibilidade do Wii com os jogos do GameCube,
atual videogame da empresa, e o Wii, antes mesmo de nascer, pode
se gabar por contar com uma extensa linha de títulos.
O console ainda não tem data exata para chegar às prateleiras,
mas isso deverá acontecer no último trimestre do ano.
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