Internet está pronta para novo salto, diz inventor da Web


A World Wide Web está pronta para realizar seu próximo grande salto e se tornar um ambiente aberto de colaboração, e o homem que a inventou diz que há anos não se sente tão otimista. Ainda assim, Tim Berners-Lee, o britânico que inventou a World Wide Web e a entregou ao mundo sem pedir nada em troca, adverte que os crimes virtuais e práticas anticompetitivas precisam ser combatidos com o maior rigor.

Muitas tecnologias novas estão surgindo, depois de anos sem grandes avanços, para tornar a Web mais inteligente e fácil de utilizar, disse ele. "Minha opinião pessoal é que há muita coisa confluindo agora. É muito gratificante testemunhar isso... Estou muito otimista, no momento", disse Berners-Lee em entrevista telefônica antes da conferência mundial da World Wide Web, que se inicia em Edimburgo, na segunda-feira.

"Todo o panorama do setor é estimulante. Tivemos a bolha e o estouro da bolha, e agora vemos muitas empresas jovens, uma vez mais. Existe entusiasmo renovado no setor de capital para investimentos em companhias iniciantes. Minha sensação é de que a atividade está em alta." O investimento em empresas européias iniciantes de Internet é mais ou menos o dobro do que era dois anos atrás, de acordo com a Tornado-Insider, uma comunidade do setor de capital de risco.

"Quatro anos atrás, problemas sobre patentes eram um obstáculo. Muitos de nós estávamos preocupados, porque parecia que a coisa toda podia se estagnar", disse Berners-Lee, em referência às tentativas de empresas privadas de patentear o software necessário para navegação de sites da Web, cobrando royalties pelo seu uso. Graças à ajuda de muitas pessoas, licenças livres de royalties agora estão disponíveis, disse o homem que jamais recebeu um centavo relativo a licenciamento de sua invenção, que deu início a um setor que hoje movimenta centenas de bilhões de euros ao ano.

Berners-Lee, quando trabalhava para o laboratório europeu de física de partículas, CERN, em Genebra, projetou os componentes fundamentais da Web, para permitir que cientistas trabalhassem juntos a partir de diferentes partes do mundo. O cientista dirige no momento o World Wide Web Consortium (W3C), um fórum de empresas e organizações cujo objetivo é aperfeiçoar a Web, e diz que só agora começa a ser cumprida sua primeira visão, a de uma Web multilateral na qual as pessoas possam colaborar facilmente em uma mesma página, com conteúdo facilmente reconhecível pelos computadores.

Um dos primeiros exemplos de sites que combinam dados de diferentes fontes é o Google Maps, cujos mapas são exibidos com informações sobre serviços e estabelecimentos comerciais, e o site de compartilhamento de fotos Flickr.

"Vários anos atrás nós diríamos: "Que pena nós não podermos ir a um site e encontrar todas as coisas lá". De maneira constante nós estamos obtendo progresso", disse Berners-Lee, acrescentando que a maior parte do trabalho já foi feito.

Uma nova linguagem de programação, chamada SPARQL (pronuncia-se "Sparkle"), está sendo projetada para tornar páginas da Web fáceis de serem lidas por computadores, permitindo que diferentes tipos de dados possam ser relacionadas entre si na Web. "A SPARQL será uma enorme diferença", disse Berners-Lee. "É possível ver muitas maneiras da Web decolar em muitas direções diferentes", disse o cientista.

Berners-Lee não é fã, entretanto, de áreas especiais da Web dedicadas ao acesso por aparelhos portáteis como as páginas com sufixo ".mobi". Ele deseja que os sites e diferentes tipos de dispositivos sejam espertos o suficiente para descobrirem qual a melhor maneira de apresentar informação aos internautas. O cientista também está preocupado com alguns provedores de Internet dos Estados Unidos que começaram a filtrar dados, dando prioridade a informações com as quais os fornecedores recebem tarifas. Essas empresas podem fazer isso porque detêm domínio sobre cabos, serviços, portais e aplicativos importantes.

"O público exigirá uma Internet aberta", disse Berners-Lee.

O cientista mantém um blog em dig.csail.mit.edu/breadcrumbs/blog/4.
 
Reuters
 

 
 

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