LONDRES - Uma mala num aeroporto é uma
ameaça terrorista ou simplesmente uma
bagagem deixada sozinha por alguns
minutos?
Um recém concluído projeto de
pesquisa confia em fórmulas matemáticas
conhecidas como algoritmos para analisar
imagens de vídeo e identificar
potenciais ameaças, de bagagem
abandonada a pessoas com aparência
suspeita.
"O projeto é sobre o desenvolvimento
de soluções para que os computadores
possam detectar comportamento anormal",
disse o coordenador do trabalho,
Jean-Marc Suchier, do grupo francês
Sagem Defense Securite.
"A idéia é analisar automaticamente e
filtrar de maneira inteligente todo o
vídeo, mas também adicionar um nível
extra de inteligência", disse James
Ferryman, especialista em "visão
computacional" da Universidade de
Reading, na Inglaterra.
Financiado principalmente pela União
Européia, o projeto de dois anos e que
envolve investimentos de 2,3 milhões de
euros (3,11 milhões de dólares) engloba
10 companhias européias e institutos de
pesquisa. O trabalho é conhecido como
ISCAPS (sigla em inglês para Vigilância
Integrada de Áreas Movimentadas para
Segurança Pública).
Ele é focado em várias ameaças: malas
abandonadas, movimentos incomuns de
pessoas e veículos e cenários em que as
pessoas caem no chão possivelmente
afetadas por fumaça ou algum tipo de
ataque.
Para definir "comportamento
suspeito", os pesquisadores conduziram
extensas entrevistas com especialistas
em segurança. Eles usaram atores para
representar cenários e mapear seus
movimentos nos algoritmos usados por
computadores na análise das imagens.
Os cientistas acertaram as câmeras
para monitorarem áreas públicas durante
semanas ou meses, permitindo que o
sistema construísse modelos estatísticos
em períodos de alta e baixa circulação
de pessoas e apontasse para qualquer
coisa que se desviasse desses padrões.
PROBLEMAS TÉCNICOS
Os cientistas ressaltaram que apesar
do sistema ser capaz de identificar algo
suspeito, ele perde para humanos em
casos como identificar se alguém está
correndo para pegar o trem ou para fugir
do local de um crime.
"Para detectar totalmente se essa
pessoa quer pegar o trem ou se o caso é
uma anormalidade, a decisão precisa ser
tomada por uma pessoa", disse
Louis-Marie Cleon, diretora científica
da empresa ferroviária francesa SNCF,
que participou do projeto.
Suchier, da Sagem, alertou que a
tecnologia ainda está na fase inicial e
que pode levar 10 anos antes que
sistemas robustos sejam instalados para
monitorar grandes multidões sem disparar
uma grande quantidade de alarmes falsos.