BRASÍLIA - Apesar do que chamou de
“lentidão”, o secretário de Ciência e
Tecnologia para a Inclusão Digital do
Ministério da Ciência e Tecnologia, Joe
Valle, disse que o país tem razões para
comemorar o Dia Nacional de Inclusão
Digital, festejado no sábado 29.
Segundo o Centro de Estudos sobre as
Tecnologias da Informação e da
Comunicação (Cetic), até o ano passado
quase metade (47%) da população
brasileira jamais havia utilizado um
computador. Em 2006, outra pesquisa do
órgão indicava que 54% dos brasileiros
estavam na mesma situação.
Embora os dados de 2007 indiquem que
59% da população nunca tinham acessado a
rede mundial de computadores e que
apenas 24% dos domicílios possuíam
computadores, o Cetic considerou que
houve um forte aumento na posse e no uso
das tecnologias da informação e
comunicação, já que em 2006 esses
índices eram de 67% e 20%,
respectivamente.
Valle aponta que várias instituições
e ministérios trabalham para
democratizar o acesso ao universo
digital e que é preciso considerar as
particularidades nacionais. “Mesmo com
todo o esforço do governo na questão da
inclusão digital, há um aumento pequeno.
Agora, é preciso considerar o tamanho do
país, as necessidades básicas que vêm
sendo atendidas. Com as pessoas podendo
se alimentar e com o aumento do poder de
compras, a próxima etapa é que elas se
insiram na sociedade da informação”,
disse o secretário à Agência Brasil
O secretário argumentou que devido ao
tamanho do território brasileiro e à
diversidade cultural, os projetos
governamentais têm de adquirir “uma
musculatura” que exige tempo e um
trabalho coordenado: “O esforço pela
inclusão digital tem de ser muito grande
e, logicamente, precisava de uma
coordenação, hoje a cargo do assessor
especial da Presidência da República,
César Alvarez. Somente assim poderemos
enxergar os horizontes ainda não
alcançados."
Segundo Valle, o Ministério da
Ciência e Tecnologia investirá, até
2010, cerca de R$ 50 milhões na criação
de 2 mil telecentros, de centros
vocacionais tecnológicos, além de ajudar
o Ministério da Educação a informatizar
escolas públicas. “Não basta colocarmos
as máquinas. Há um complemento, como o
conteúdo que será colocado nessas
máquinas. E também a questão da
conectividade, que é fundamental para
conseguirmos a efetividade do processo
de inclusão digital”, disse.
O esforço maior, acrescentou, é
garantir a sustentabilidade dos
telecentros. “Um dos grandes gargalos,
hoje, é como os telecentros podem
continuar funcionando após o término do
convênio com a instituição pública. Dos
cerca de 14 mil telecentros
implementados já há os que funcionam
plenamente, de forma sustentável. Caberá
à coordenação do processo pegar estes
casos de sucesso para que eles sejam
replicados em vários outros lugares”.
Valle comparou o acesso ao
conhecimento das tecnologias digitais à
alfabetização: “Trata-se de ter como
crescer, como se desenvolver, de ter
renda e ter o conhecimento necessário
para melhorar a qualidade de vida. Se a
pessoa não tem acesso à internet, aos
computadores, estará cada vez mais fora
do mercado de trabalho. A questão
digital é fundamental para o dia-a-dia
das pessoas, pois dependemos dos
computadores para quase tudo.”