Água oxigenada pode ajudar no tratamento do câncer

A descoberta de como as células utilizam o peróxido de hidrogênio (água oxigenada) para enviar sinais que controlam a divisão e a morte de células promete novas possibilidades na pesquisa sobre o câncer. É o que acreditam os cientistas responsáveis por um trabalho publicado na revista especializada "Science".

O trabalho mostra que a substância ordena que as células se dividam, diferenciem ou apenas cometam suicídio. Essas funções bioquímicas são essenciais para a vida humana e se não funcionam corretamente podem causar câncer. A descoberta pode ajudar a resolver o debate na comunidade científica sobre a função da água oxigenada na sinalização celular e no controle dos processos vitais, segundo os pesquisadores da Universidade Estadual de Oregon, nos Estados Unidos.

Enquanto muitos cientistas acreditam que o peróxido de hidrogênio é apenas uma toxina que o corpo tenta eliminar, outros estão estudando as evidências da importância do produto. Ainda não está claro, no entanto, como uma toxina pode ser essencial para a sobrevivência de grandes organismos, como o humano.

Na pesquisa, os cientistas estão estudando a função da peroxiredoxina, uma enzima cuja função primordial em plantas, animais e bactérias é a desintoxicação do peróxido de hidrogênio. Comparando a mesma enzima em bactérias e em humanos, descobriu-se que as bactérias conseguiam desintoxicar de modo eficaz a água oxigenada, mas que a enzima humana, apesar de ser maior, só conseguia limpar pequenas quantidades da toxina. Quando tentava combater doses maiores, a enzima era destruída.

O fato de que o peróxido de hidrogênio pode não apenas sobreviver, mas também diminuir a quantidade de enzimas existentes mostra que a peroxideroxina age como um regulador. "Entendemos agora como o peróxido de hidrogênio pode funcionar como toxina e sinalizador", afirma Andrew Karplus, um dos pesquisadores.

Karplus afirma que alguns remédios contra o câncer, como a cisplatina, provocam um aumento do peróxido de hidrogênio nas células. E algumas células cancerosas resistentes à cisplatina e a outras formas de terapia parecem produzir maiores quantidades de peroxidoxina. O cientista acredita que a descoberta pode sugerir novas formas de pesquisas e terapias contra o câncer.

 

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