Bancos lucram 92% mais que as empresas
Os 50 maiores bancos lucraram no ano passado 92% a mais
do que as 150 maiores empresas não-financeiras em atividade no país,
sejam elas de capital nacional, estatais ou subsidiárias de grupos
estrangeiros. A soma do lucro líquido dos bancos chegou a US$ 5,746
bilhões, enquanto o setor industrial ganhou US$ 2,987 bilhões.
O resultado reflete a estagnação do mercado interno e o peso das
taxas de juros, que faz a alegria dos banqueiros mas aumentou o
endividamento dos empresários. As 500 maiores empresas do país
amargaram em 2002 queda de 83% nos lucros — de US$ 9,7 bilhões, em
2001, para US$ 1,6 bilhão em 2002. Foi o pior resultado desde 1999, ano
da desvalorização do real. Já as vendas cresceram apenas 1,1%, a
menor variação percentual nos últimos sete anos. Depois de chegar a
US$ 200,2 bilhões em 2001, o volume de dívidas foi a US$ 211,8 bilhões,
alta de 5,8%.
Para chegar a esses resultados, pesquisadores da Fundação Instituto
de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras da USP (Fipecafi)
expurgaram da taxa de câmbio a volatilidade registrada no final de
2002, quando a moeda chegou a bater em R$ 4. Foi considerada a cotação
de 30 de abril deste ano, R$ 2,89. O consultor Ariovaldo dos Santos
admite que, se não fosse essa mudança, o resultado das empresas em
2002 seria ainda pior.
Segundo o estudo, o primeiro e o segundo lugares são
ocupados por duas estatais - a Petrobras, com vendas brutas de US$
33,311 bilhões, e a Petrobras Distribuidora, que faturou US$ 9,329 bilhões
em 2002. A seguir, aparecem a Telemar (US$ 6,303 bilhões) e a Telefônica
(US$ 5,480 bilhões).
A liderança em vendas, porém, não foi garantia de melhor
rentabilidade. Entre as companhias com o maior retorno sobre o patrimônio
líquido, aparece no topo a estatal Cobra Computadores, do setor de
tecnologia e computação (70,5%). No caminho inverso, a refinaria
Ipiranga apresentou a menor rentabilidade (-3,265%).
Diário de S.Paulo
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