A nova Ferrari das redes sem fio acaba de chegar ao mercado, e está
enlouquecendo os adeptos da tecnologia com a sua promessa de velocidade além do
que os usuários seriam capazes de usar.
O novo sistema,
que pode transferir arquivos de músicas entre os computadores e permite que usuários
de laptops naveguem pela Web de lugares públicos a velocidades jamais vistas,
na verdade é rápido demais para os usuários médios, já que a Internet sofre
de uma série de gargalos, mas isso não desanima os entusiastas.
"Mal posso
esperar", diz Avi Rubin, diretor técnico do Information Security Institute,
na Johns Hopkins University. Ele encomendou equipamentos da Apple Computer para
sua rede doméstica envenenada, uma das poucas adaptadas a trabalhar com as
novas velocidades.
Conhecido como
Wireless G, o novo sistema de redes é a mais recente versão do popular padrão
Wi-Fi, que já aciona a maior parte das redes sem fio em residências, bares e
salas de espera de aeroportos.
A nova versão é
compatível com a antiga, tem preço mais ou menos 50% superior e velocidade
cinco vezes mais alta. Isso a torna cerca de 50 vezes mais rápida do que a
maior parte das conexões de cabo para a Internet.
A Linksys, uma das
maiores vendedoras de Wi-Fi no mercado, acredita que a tecnologia mais rápida
ofereça certo grau de segurança com relação a aplicativos ainda não disponíveis
com alto grau de exigência, diz Allen Huotari, diretor de pesquisa e
desenvolvimento.
"O que você
espera de sua rede doméstica dentro de um ano?", perguntou ele em
entrevista por telefone. "Para o acesso de Internet simples, não é
preciso nada tão sofisticado quanto o Wireless G".
O Wireless G pode
receber transmissões simultâneas de vídeo de alta qualidade, enquanto o padrão
mais antigo, o Wireless B, mal consegue lidar com uma transmissão isolada, nas
melhores circunstâncias. Mas questões judiciais sobre usuários acessando
dados distribuídos por redes domésticas retardaram o uso de sistemas de vídeo
nos sistemas sem fio.
Rubin emprega seu
laptop dotado de conexão sem fio para enviar arquivos de música e trabalho
entre as máquinas de sua casa, na forma de ondas de rádio. Mas ele alerta que
brechas de segurança nas redes abertas sem fio permitem que bisbilhoteiros
pirateiem todas as versões do Wi-Fi, incluindo o Wireless G.
Ele resolveu os
problemas de segurança em seu sistema, mas diz que o melhor que a maior parte
dos usuários pode esperar são os sistemas de codificação disponíveis nos
browsers para manter a navegação pela Web segura.
As redes sem fio
decolaram nos últimos dois anos, especialmente em residências. Estas
responderam por cerca de metade do US$ 1,7 bilhão em faturamento do setor de
equipamentos Wi-Fi no ano passado, de acordo com a Infonetics Research.
As previsões são
de que o mercado cresça para US$ 2,7 bilhões ao ano por volta de 2006, e de
que o novo padrão, Wireless G, tenha grande impacto já este ano.
SEM PADRÃO
O Wi-Fi existe em
uma variedade confusa de sabores, tecnicamente definidos como 802.11A, B e G. O
padrão B é o mais antigo, lento e popular. O A e o G são mais velozes, mas o
A é melhor para grandes grupos de usuários localizados perto de uma estação-base,
enquanto o G penetra melhor as paredes e é compatível com o padrão B.
Isso significa que
os consumidores provavelmente escolherão entre B e G, dizem os fabricantes de
equipamento. A Apple já tomou a decisão por eles em seus computadores
Macintosh. Ela só vende estações base Wireless G, porque funcionam com
sistemas padrão B e padrão G.
A Amazon.com e a
Buy.com exibem preços da ordem de US$ 200 para um roteador Linksys e um cartão
para laptop usando o sistema Wireless G, e US$ 130 para o padrão B, descontos
computados. Diferentemente da estação-base da Apple, o roteador Linksys não
dispõe de porta USB para impressora.
Um último
problema é que a produção dos equipamentos Wireless G foi iniciada antes que
o padrão técnico estivesse concluído integralmente, o que significa que os
usuários podem ter de baixar um software corretivo dentro de alguns meses.
Existe um pequeno risco de que, fora de suas redes domésticas, os usuários
fiquem limitados às velocidades mais baixas do padrão B.
Ainda assim,
Huotari, da Linksys, acredita em um ótimo ano para o Wireless G. "Todos
confiam em que vá funcionar", disse.