Equipamento observa peixes sem ser notado 
   
  As explorações anteriores do fundo do mar sempre perturbaram os animais
  que pretendiam estudar, de acordo com a dra. Edith Widder, líder do projeto e
  diretora do Centro Biofotônico da Harbor
  Branch.
  As luzes, os campos elétricos e o ruído produzido pelos submergíveis
  tripulados e veículos de controle remoto comuns assustam os animais antes que
  possam ser vistos, ou então os fazem adotar comportamentos defensivos ou
  incomuns, explica Widder.
  Para contornar o problema, Widder concebeu e desenvolveu, com a ajuda da
  divisão de engenharia da Harbor Branch, um novo sistema de câmeras chamado
  Eye in the Sea (Olho no Oceano), capaz de registrar a vida no fundo do abismo
  sem ser percebido. "Esperamos que isso nos permita observar a vida dos
  animais como ela é - algo que nunca foi feito no mar", disse.
  "Nosso objetivo é observar estes animais em comportamentos jamais
  vistos".
  O Eye in the Sea foi testado com sucesso durante breves missões no leito
  do oceano. Ele conseguiu captar o que Widder considera "interações
  incomuns", como a de um congro que nadava ao redor de um tubarão,
  perturbando-o. "Os congros são criaturas longas, magras e rosadas que têm
  má fama nos círculos oceanográficos porque produzem uma secreção
  pegajosa", explica o biólogo Peter Frankers, que estuda peixes incomuns
  nas horas vagas. "Eles produzem uma espécie de espirro quando suas
  narinas ficam entupidas com a substância. Eles são quase cegos e normalmente
  vistos pelos cientistas como criaturas não agressivas. Portanto. É muito
  interessante ver um exemplar dessa espécie brigando com um tubarão".
  A equipe de Widder estava programando uma viagem de pesquisa de cinco dias
  pela Baía de Monterey semana passada. Mas um dia inteiro foi perdido devido
  ao atraso no transporte dos equipamentos, e outro por causa de um defeito numa
  das câmeras. "São os ossos do ofício oceanográfico", declarou
  Mark Shcrope, da Harbor Branch. "Mas o projeto irá continuar em
  breve".
  Na próxima expedição da equipe responsável pelo Eye in the Sea, Widder
  pretende usar o sistema de câmeras em conjunto com um equipamento eletrônico
  simples, projetado para imitar os diversos padrões de luminescência da água-viva
  da espécie Atolla. Um disco de cerca de 15 centímetros com um anel de LEDs
  azuis que podem ser programados para acender num padrão semelhante ao criado
  pelo corpo luminescente da Atolla. Widder espera que a isca ajude a testar várias
  hipóteses a respeito de como e por que animais como as águas-vivas usam suas
  capacidades luminosas.
  A isca em forma de água-viva pode também atrair grandes predadores, que
  também poderão ser captados em filme. Em expedições futuras, Widder
  pretende deixar várias unidades do sistema no fundo do mar durante longos períodos,
  a fim de obter uma imagem mais completa de como é a vida nas profundezas.
  Nesta segunda-feira outra equipe da Harbor Branch está embarcando numa
  missão para explorar o leito do Golfo do México. Os pesquisadores pretendem
  procurar organismos marinhos que possam ser usados em pesquisas
  médicas. A equipe vai incluir membros da divisão de pesquisas oceânicas da
  Administração Oceânica e Atmosférica Federal.
  Em outras pesquisas, a Harbor Branch fez descobertas farmacêuticas
  promissoras, como o Decodermolide, uma droga anti-câncer que já está sendo
  testada em seres humanos, e o Topsentin, um agente anti-inflamatório. Ambos são
  encontrados em esponjas marinhas.