Acesso grátis custará R$ 1 bi às telefônicas em 2003, diz
presidente da Anatel
Por Helio Gurovitz
Rio de Janeiro, 24 de março (Portal EXAME)
- O presidente da Anatel, Luiz Guilherme Schymura, afirmou hoje
que o prejuízo das telefônicas locais com o acesso gratuito à
Internet deve chegar a 1 bilhão de reais em 2003. "Não
existe almoço grátis", disse Schymura. "Alguém
sempre paga a conta."
O impacto do acesso gratuito no mercado, afirmou Schymura no
simpósio sobre lei e Internet organizado pela Fundação Getúlio
Vargas (FGV) no Rio, é hoje uma das principais preocupações
regulatórias da agência. `Embora não seja papel da Anatel
regular a Internet, ela regula o principal insumo da rede, que são
as telecomunicações`, afirmou Schymura. Os prejuízos com o
acesso grátis ocorrem por causa da taxa de interconexão, o
valor que uma operadora paga à outra para que suas chamadas
sejam completadas.
Schymura citou o exemplo de um assinante da Telefônica, em São
Paulo, que acessa o provedor gratuito iG. Como a rede do iG
pertence à Telemar, a Telefônica tem de repassar à outra
operador cerca de cinco centavos por minuto de conexão. Num
domingo, ou em algum outro horário em que o assinante paga
pulso único pela ligação, a Telefônica recebe apenas sete
centavos do usuário por toda a conexão. Daí o desequilíbrio.
A idéia da Anatel é criar um número acessível de todo o país
para cada provedor de acesso e, com isso, separa explicitamente
para o usuário, quanto da conta é paga ao provedor e quanto à
operadora telefônica.
Se as operadoras oferecerem pacotes de valor fixo para acesso à
Internet, ficaria resolvido de quebra um outro problema: apenas
6% dos municípios brasileiros (correspondetes a 58% da população)
têm acesso local à rede. Pelo novo sistema, os habitantes
dessas cidades não precisariam fazer uma chamada de longa distância
pra se conectar. Schymura não informou, porém, como
funcionaria a tarifa de interconexão nesse caso. É uma
pergunta que já está no ar há um bom tempo.
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