Nasa
confirma descoberta de novo planeta na órbita solar
Da Redação
Em São Paulo
Cientistas da Nasa e do Caltech -Instituto de Tecnologia da
Califórnia- divulgaram nesta segunda-feira (15) a descoberta de um
novo planeta na órbita do Sol.
O planeta, chamado de Sedna, é três vezes mais distante da Terra do
que Plutão, tornando-o o mais distante objeto conhecido do Sistema
Solar. Na mitologia dos Inuit, povo ártico, Sedna é o nome da deusa
que criou os seres marinhos da região.
"O Sol deve parecer tão pequeno daquela distância que você
poderia bloqueá-lo com a cabeça de um alfinete", diz Mike
Brown, professor-associado do Caltech e líder da equipe de astrônomos.
Atualmente, Sedna está a 13 bilhões de quilômetros da Terra.
Segundo os pesquisadores, talvez o planetóide possa ter até uma fina
atmosfera.
Esta é provavelmente a primeira confirmação da existência da
"nuvem de Oort", um longíquo depositório de pequenos
corpos gelados que fornece os cometas que passam pela Terra.
Outras características de Sedna incluem seu tamanho e cor
avermelhada; é o segundo objeto mais vermelho do Sistema Solar depois
de Marte. Com um tamanho estimado de 75% de Plutão, trata-se do maior
objeto detectado na órbita do Sol desde a descoberta do planeta, em
1930.
A região em que Sedna está localizado é tão distante do Sol que a
temperatura nunca passa dos -240 °C.
O planetóide é geralmente ainda mais frio, porque se aproxima do Sol
somente por pouco tempo durante sua órbita de 10.500 anos. No ponto
mais distante, Sedna fica a 130 bilhões de quilômetros do Sol, ou
900 vezes a distância de nosso planeta para o centro do sistema.
Os cientistas usaram o fato de que mesmo o sensível telescópio
Spitzer, responsável pela decoberta, era incapaz de detectar o calor
de Sedna para determinar que ele possui cerca de 1.600 quilômetros de
diâmetro -portanto, menor que Plutão. Combinando os dados disponíveis,
os astrônomos estimam que Sedna esteja entre os tamanhos de Plutão e
Quaoar, planetóide descoberto pela mesma equipe em 2002. Até o Sedna,
o Quaoar era o maior objeto depois de Plutão.
A órbita extremamente elíptica de Sedna é diferente de qualquer
outra prevista pelos astrônomos; todavia, lembra a de objetos cuja
existência era prevista na nuvem de Oort. A nuvem explica a existência
de certos cometas. Acredita-se que ela esteja ao redor do Sol e
extenda-se até metade do caminho até a estrela mais próxima. Porém,
Sedna está 10 vezes mais próximo do que a distância prevista para a
nuvem de Oort. Os astrônomos dizem que esta "nuvem
interior" pode ter sido formada pela gravidade de uma estrela
"errante" próxima do Sol no começo do Sistema Solar.
Os cientistas dizem
que não há evidência indireta de que Sedna tenha uma lua. Eles
esperam checar essa possibilidade com o Hubble.
O Sedna agora será examinado por um dos maiores telescópios ópticos
da Terra, o Gemini, no Havaí. "Ainda não entendemos o que há
na superfície do planetóide. Não é nada que pudéssemos prever ou
que possamos explicar", diz Chad Trujillo, astrônomo da equipe.
O planeta irá ficar mais perto e mais brilhante pelos próximos 72
anos antes de começar sua viagem de 10.500 anos para longe do Sol.
"A última vez em que Sedna esteve tão perto, a Terra estava
apenas saindo da última Era do Gelo; a próxima vez em que voltar, o
mundo será completamente diferente", diz Brown.