Bicicleta elétrica é opção no trânsito

Seminário em São Paulo discutirá, na próxima semana, veículo elétrico híbrido

São Paulo - O engenheiro industrial Felicio Sadalla, de 75 anos, é um aficionado por veículos elétricos. Há 25 anos, ele tem feito experiências, construído protótipos e participado de eventos no Brasil e exterior sobre o assunto. Para ele, as bicicletas elétricas são a solução mais viável para o trânsito em uma grande cidade como São Paulo. "Defendo ferrenhamente a construção de ciclovias", afirma o engenheiro, que participará do 2.º Seminário sobre Veículo Elétrico Híbrido, que acontece nos dias 27 e 28 em São Paulo.

Em seu dia-a-dia, ele já aplica na prática o que imagina em larga escala. O engenheiro dirige um carro elétrico de marca Suzuki, importado dos Estados Unidos, e também tem um Gurgel híbrido e quatro bicicletas elétricas, três importadas e uma nacional.

"Uso meu carro elétrico há 8 anos", conta Sadalla. "Já rodei mais de 50 mil quilômetros com ele." O engenheiro usa baterias nacionais, que dão autonomia de 80 quilômetros sem a necessidade de recarga. Com a eletricidade, ele gasta 80% menos do que gastaria se adotasse combustível. Por outro lado, já teve de trocar os jogos de bateria quatro vezes, em 8 anos, pagando R$ 5 mil cada vez. "O que economizei em combustível foi para pagar as baterias", brinca Sadalla. "As baterias nacionais não foram feitas para isso."

O engenheiro tentou importar dos Estados Unidos um Prius, carro híbrido da Toyota, que combina combustível e eletricidade, mas considerou o preço proibitivo. O veículo, que custa US$ 23 mil lá fora, sairia por R$ 150 mil quando chegasse ao Brasil, acrescentando impostos e taxa de homologação, e ainda ficaria sem cobertura da garantia. Ele se queixa do desinteresse das montadoras brasileiras em abraçar a tecnologia.

Apesar do entusiasmo pelo carro elétrico, Sadalla acredita que a solução para as grandes cidades brasileiras são as bicicletas elétricas, largamente utilizadas na China. Comprando-se um kit de cerca de R$ 400, é possível transformar uma bicicleta comum em elétrica, com autonomia de bateria de 30 quilômetros e velocidade máxima de 25 quilômetros por hora. "A bicicleta seria mais rápida que um carro, que, por causa dos congestionamentos, chega a fazer em média 15 quilômetros por hora."

Segundo ele, a Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo tem um projeto para a construção de 300 quilômetros de ciclovias, criado há 10 anos, que ainda não saiu do papel. "Um quilômetro de metrô custa R$ 50 milhões, enquanto um quilômetro de ciclovia, com um metro de largura, sairia por R$ 50 mil."

Ele também defende o uso da eletricidade em barcos e levou sua proposta para as prefeituras de Ilha Bela e São Sebastião. "Nos barcos, a autonomia da bateria fica entre 200 e 300 quilômetros", afirma o engenheiro. "É totalmente viável. Nos lagos da Baviera, existem dezenas de barcos elétricos."

Renato Cruz

 

 

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