Internet é tão segura quanto outros meios, diz especialista
da Folha de S.Paulo
Onde há dinheiro, há o risco de ações criminosas. Não é diferente na
internet, onde milhões de internautas realizam operações financeiras a cada
minuto.
Entenda-se por operações financeiras não apenas transações de milhões de dólares
mas compras em lojas virtuais ou acessos a bancos on-line.
Nesses sites, o usuário precisa digitar dados confidenciais, como número de
cartão de crédito, número de conta corrente e senha. Quais garantias o
internauta possui de que criminosos não terão acesso a esses dados?
"Hoje, o acesso a um banco via internet é considerado seguro
internacionalmente", diz Fernando Nery, da Módulo Security (www.modulo.com.br).
Para evitar transtornos, muitas pessoas simplesmente se recusam a realizar operações
bancárias ou compras pela internet: "Não confio na segurança de sites
nos quais preciso cadastrar senha, CPF, identidade ou número de cartão de crédito",
afirma o advogado Tiago Ranzani, 32, que prefere conferir saldos e pagar contas
por telefone, em caixas eletrônicos ou na própria agência. "Uso os sites
de compra apenas para consultar o produto, mas faço o negócio por
telefone", diz.
No entanto, a internet não pode ser considerada nem mais nem menos segura que
qualquer outro meio. Para Nery, as preocupações não podem se resumir apenas
às transações on-line. "Ele deve se preocupar também com as notas do
seu filho no computador da escola ou em passar o cartão de crédito no caixa do
supermercado. O usuário precisa considerar que uma conta corrente, por exemplo,
pode ser acessada por um caixa eletrônico ou mesmo na agência."
O especialista crê ainda que apenas uma ação conjunta pode reduzir os índices
de fraudes. Isso envolveria os usuários, os prestadores de serviço --lojas
on-line e bancos-- e os provedores, que deveriam barrar e alertar tentativas de
acesso e guardar logs (registros de acesso), o que facilitaria investigações.
Navegar com segurança também é fundamental. Existem muitos programas espiões
(spywares) que podem não apenas enviar informações armazenadas no disco rígido
do micro mas também grampear o teclado de um micro infectado, copiando tudo o
que foi digitado.
Os bancos de internet combatem esses grampos com os teclados virtuais, em que o
usuário clica com o mouse (sem digitar nenhuma informação).
A cultura da segurança será reforçada nos próximos dias. A Câmara
Brasileira de Comércio Eletrônico (www.camara-e.net) vai anunciar o Movimento
Internet Segura, mas ainda não divulgou detalhes sobre a campanha.
O movimento deverá mostrar ao usuário a importância das atitudes seguras, já
que boa parte das fraudes se valem da imprudência dos próprios internautas.
"O problema é que o ser humano gosta de facilidades", diz o delegado
Francisco Bondioli, da Delegacia de Meios Eletrônicos do Deic (Departamento de
Investigações Sobre o Crime Organizado), em São Paulo. "Se um e-mail
chega dizendo que o nome da pessoa está no Serasa e pede o CPF para a confirmação,
muitos fornecem o número sem desconfiar."
A busca pelo conforto faz mesmo as pessoas caírem em golpes. Na semana
retrasada, falsos despachantes debitaram, via internet, dinheiro de usuários
para pagar contas de luz, água e telefone. Porém, em vez de mandar o dinheiro
para as prestadoras dos serviços, a quantia era desviada para uma outra conta.
Eles ofereciam os serviços de pagamento com e-mails e sites falsos.
Bondioli informa ainda que a maioria das ocorrências registradas não envolve
roubo de identidades, mas crimes contra a honra (calúnia, injúria e difamação)
feitos por meio de sites ou correntes de e-mail.
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