Fraude causa prejuízos de até US$ 820 milhões nos EUA
MARK JEWELL
da Associated Press
O clube de vendas por atacado da BJ's atrai clientes dando descontos em milhares
de produtos em um único local. Com bancos de dados que guardam grande
quantidade de números de cartões de crédito, não foi difícil atrair também
ciberladrões.
O roubo, no início deste ano, de milhares de registros de cartões de crédito
do terceiro maior clube de vendas dos EUA ilustra o potencial de roubos de
identidade em grande escala se uma quantidade tão grande de informações que
possibilitam compras for armazenada em um só lugar.
"O Serviço Secreto ainda não sabe se a violação foi feita internamente
ou se foi um trabalho de ladrões virtuais, mas efetuou algumas prisões",
disse Tim Buckley, agente que está investigando o caso. Buckley disse também
que os suspeitos podem ter ligações com uma grande rede internacional de
roubos de identidade, sem informar quantas prisões foram feitas.
As instituições financeiras ainda estão abaladas. Elas tiveram que reemitir
centenas de milhares de cartões de crédito para os clientes da BJ's, como uma
precaução contra eventuais fraudes. Com base na quantidade de cartões
reemitidos, especialistas dizem que o caso da BJ's pode ser a maior fraude do
tipo no setor de varejo.
Centenas de milhares de cartões substitutos foram enviados a clientes nos 16
estados em que a BJ's opera, embora a empresa declare que a violação afetou
apenas "uma pequena fração" dos seus 8 milhões de filiados.
O Sovereign Bank, sediado na Philadelphia, cobriu cerca de 700 transações
fraudulentas do furto da BJ's e teve que reemitir 81 mil cartões duas vezes
--em maio e em junho--, a um custo de cerca de US$ 1 milhão, devido a um
problema com o primeiro lote, disse a porta-voz Ellen Molle.
"Há perdas bastante pesadas", disse Greg Smith, presidente do
Pennsylvania State Employees Credit Union, que reemitiu cartões para 14 mil de
seus membros a um custo de US$ 100 mil.
Nos EUA, os emissores de cartões Visa e MasterCard perderam um valor estimado
em US$ 820 milhões com fraudes em 2003, 6% a mais do que em 2002, segundo
estudo publicado na "Credit Card Magazine", uma revista do setor.
Quando divulgou a violação, em um boletim de 12 de março, a BJ's disse que
havia alterado seus sistemas de segurança e que tinha certeza de que as informações
de seus clientes estavam seguras.
A BJ's, que possui cem clubes e 78 postos de gasolina, disse que o furto não
teria nenhum efeito material sobre suas finanças. Organizações de defesa de
consumidores dizem que receberam poucas reclamações de clientes.
Mas a Natick, uma empresa sediada em Massachusetts, agora, enfrenta reclamações
de alguns dos cerca de 15 bancos que tiveram de substituir cartões ou
reembolsar consumidores. Os investigadores e diretores de bancos recusaram-se a
divulgar o montante dos prejuízos monetários.
Como dados sensíveis sobre consumidores --não só números de cartões de crédito
mas também hábitos de compra e outras informações pessoais-- estão gravados
em bancos de dados, o potencial para roubo de identidade (a definição de
"roubo de identidade" inclui fraude de cartão de crédito, além do
roubo dos documentos reais de uma pessoa) em grande escala está aumentando.
No mês passado, na Carolina do Norte (EUA), três homens confessaram-se
culpados de conspirar contra a cadeia de lojas de arquitetura e decoração Lowe's
para roubar informações de cartões de crédito. A diretoria da Lowe's disse
que eles não conseguiram entrar no banco de dados nacional da empresa.
Em outro caso envolvendo uma verdadeira mina de ouro de dados, um homem na Flórida
foi acusado, no mês passado, de roubar uma grande quantidade de informações
da Acxiom, uma empresa responsável pela gestão de grandes bancos de dados
--foi a segunda invasão de arquivos desse tipo, revelada pela empresa no ano
passado. Os promotores dizem que os dados roubados não foram usados para fraude
de identidade, mas para distribuir publicidade por e-mails de uma empresa
operada pelo acusado.
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