Conteúdo online

Vicente Tardin

Outro dia publicamos no web insider um texto de Cezar Calligares, diretor de criação de uma importante agência de propaganda. Segundo o Cezar, a internet brasileira já está madura o suficiente para receber anúncios de verdade e gerar negócios.

Isso porque já teríamos superado fases importantes – primeiro a fase de “estar na internet” simplesmente, depois aprendemos a desenvolver interfaces mais consistentes, a organizar conteúdo relevante, a nos organizar internamente e a encontrar adequação ao negócio.

Mas não é um percurso fácil. Tudo é muito novo ainda. O profissional de internet precisa entender de tudo um pouco – ele que normalmente é muito jovem e nunca trabalhou em outra atividade, ou vem de outras profissões e precisa abrir as portas da percepção para poder enxergar com o olhar de quem começou ontem.

Tudo isso é para dizer que este é o tema de um curso que fui convidado a apresentar em Brasília. Aceitei com prazer porque gosto demais deste assunto, que vivo intensamente desde o dia que comecei a editar, do zero e sozinho, o site de notícias IDG Now.

Naquela época nada estava construído ainda, então foi adotar alguns critérios básicos e começar. Do início de 1997 até hoje, foi isso o que vivi direto – escrever todos os dias e publicar imediatamente (férias raras fazem parte do pacote!). Muitos sites depois, já dá para discutir algumas coisinhas captadas aqui e ali.

Serão dois dias inteiros (uma sexta e um sábado) e a idéia é colocar na tela alguns pontos que o profissional de comunicação que atua na internet precisa compreender sobre redação, jornalismo online, conteúdo colaborativo, comunidades, arquitetura da informação, usabilidade, intranets e a função do editor em sites de empresa e órgãos públicos.

Isto porque encontramos diariamente novas oportunidades e dificuldades em torno do conteúdo online onde é importante estar aberto para um conhecimento multidisciplinar (o plural aqui inclui estudantes e profissionais de comunicação social, jornalistas, redatores, gerentes de projeto, arquitetos, designers e quem mais se interessar).

Vamos falar bastante sobre as melhores práticas para o texto no ambiente online (tenho uma meia dúzia de pontos que adoro discutir, como formato de títulos, a importância do resumos, o valor de textos longos e curtos, onde colocar os links e muitos outros detalhes práticos...).

Vamos falar também sobre comunidades e conteúdo colaborativo, com dois cases e discussão sobre o que funciona e o que não funciona. Esta compreensão é muito importante.

Sei que o pessoal gosta de discutir também especificidades do jornalismo online, então devemos mesmo olhar pra frente, mas sem perder de vista valores como credibilidade, reputação, apuração e ética. Dicas práticas também estão previstas: como lidar com entrevistas por e-mail ou chat, como citar conteúdo de outros veículos, como enfrentar o perigo do copiar e colar e como manter um arquivo pessoal organizado. É importante também avaliar o impacto que a mão dupla da internet trouxe à profissão e a oportunidade profissional surgida com os blogs.

Se há futuro no jornalismo gonzo não sabemos exatamente, mas no outro extremo está o pessoal que trabalha em sites de empresa. Comparados aos profissionais nas redações, estes podem ter a vida mais regrada e confortável, mas enfrentam uma apuração tortuosa e muitas etapas antes de poder publicar alguma coisa, quando é preciso obter a aprovação de meia dúzia de gerentes.

O profissional de conteúdo, como dizem alguns, também tem que saber outras coisinhas extras – pelo menos ter noção suficiente para não fazer bobagens e evitar que os outros façam. Precisa ter noção do que é usabilidade e arquitetura da informação, sobre o que falaremos um pouquinho (e de outras especialidades que significam novas oportunidades profissionais).

O profissional de comunicação precisa também avaliar coisas que nunca imaginaria, como a importância de contar com estatísticas de acesso confiáveis, de fazer com que os mecanismos de busca tragam mais visitas para o site, de perceber se a interface que lhe é apresentada é boa ou não e ter bagagem para opinar em assuntos onde não deveria, mas acaba se metendo, como desenvolvimento e programação, por exemplo. Assunto não vai faltar. Até lá.


Vicente Tardin é editor do site

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