Como tratar nossos idosos
Elaine Aguillera


Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil terá, em 2025, 32 milhões de pessoas com mais de 60 anos, tornando-se assim o sexto país com maior número de idosos no mundo. A expectativa de vida dos brasileiros cresceu quase nove anos desde 1980. A cada dia temos a perspectiva de morrermos mais tarde, mas também somos descartados cada vez mais cedo, principalmente no mercado de trabalho. Como vencer essa contradição?

A sanção do Estatuto do Idoso, em 2003, foi um passo na tentativa de facilitar a vida desta fatia tão importante da população brasileira. Segundo Lilian Alicke, presidente da Associação Brasileira de Alzheimer - ABRAz, os idosos estão começando a reclamar os seus direitos e informando-se sobre eles, mas a sociedade e as entidades civis e governamentais ainda precisam conscientizar-se desses direitos.

Ela conta, por exemplo, que há pouco tempo precisou intervir na internação de um idoso porque o hospital não queria aceitar um acompanhante, o que é um direito adquirido pelo Estatuto. "Tivemos que citar até o artigo onde está escrito isso para sermos atendidos", diz.

Para Lilian, que tem 70 anos e trabalha como voluntária desde a década de 90, o bem-estar do idoso passa pela sua conscientização sobre a aposentadoria. "Ele precisa se dar conta de que a aposentadoria não signigfica parar de trabalhar, mas sim passar a fazer aquilo que gosta. Com remuneração ou não".

É óbvio que na realidade de milhares de idosos a questão da aposentadoria é muito mais dolorosa. Viver com um salário de R$ 240,00 - ou menos - não permite uma aposentadoria digna. Sendo assim, muitos continuam trabalhando por necessidade e não simplesmente para manter-se ativos.

Para tentar solucionar essa equação, de acordo com a presidente da ABRAz, há a necessidade de criação de programas especiais para o idoso retornar ao trabalho como, por exemplo, trabalhos em consultoria que levariam em consideração a experiência de cada pessoa e todo o conhecimento adquirido em anos de atividade e não demandariam esforços físicos que, muitas vezes, ela já não pode fazer.


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