Gigantes
falham ao apostar em tecnologia de TV
Pelo menos quatro empresas - Hewlett-Packard, Toshiba, Intel e
Philips - tentaram dominar uma promissora tecnologia para a
produção de televisores de tela grande e de baixa espessura,
conhecida como LCoS (Cristal Líquido sobre Silício), mas
terminaram admitindo o fracasso. "A estrada está
margeada pelos destroços de tentativas fracassadas", diz
Sandeep Gupta, presidente-executivo da MicroDisplay, uma
empresa de capital fechado que projeta chips.
À medida que o mercado de televisores avança em direção
a telas maiores e melhores, a LCoS é uma das poucas
tecnologias que, em teoria, atende a todos os requisitos para
substituir os volumosos tubos de raios catódicos e as
dispendiosas telas de plasma. Em um televisor, a luz se
reflete em um ou mais microchips feitos de uma camada de
cristal líquido e uma camada de transistores, projetando uma
imagem na parte frontal da tela.
As imagens do sistema LCoS podem ser ricas e brilhantes.
Mas como mais de um gigante da tecnologia veio a descobrir, o
LCoS é também um buraco negro para verbas de investimento.
Enquanto isso, a Texas Instruments, usando outra tecnologia
conhecida como "projeção digital de luz",
conseguiu vender cinco milhões de sistemas DLP, usados em
projetores, cinemas e TVs. "A Texas fez um trabalho
maravilhoso na comercialização do DLP", disse o diretor
de tecnologia pessoal no grupo de pesquisa IDC, Bob O'Donnell.
Há um ano, a Intel anunciou na maior feira de bens eletrônicos
de consumo norte-americana que mudaria a cara da televisão
com produtos LCoS. A previsão veio a causar sério embaraço
à lider mundial na produção de chips, que primeiro adiou o
projeto e depois terminou por cancelá-lo integralmente, em
outubro. A Intel diz que superestimou as potencialidades econômicas
do sistema, ainda que especialistas familiarizados com a
tecnologia do grupo aleguem que o projeto da empresa para o
seu sistema LCoS era complicado demais.
Não foi novidade para Chris Chinnock, analista sênior da
Insight Media, especializada em pesquisa sobre monitores e
telas. Ela já viu o fracasso de muitos projetos, começando
com o da IBM e JVC, do Japão, nos anos 90. "Isso suscita
dúvidas graves sobre a tecnologia", afirma.
Reuters
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