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Internet por cabos elétricos
avança na Espanha
O início da instalação comercial de redes PLC, tecnologia que permite
transmissão de voz e dados por intermédio de cabos elétricos de baixa e
média tensão, colocou em destaque duas pequenas empresas espanholas que
lideram o processo de desenvolvimento e integração dessa nova opção de
acesso à Internet e telefonia. A Ds2 projeta os chips, e a Tecnocom faz a
integração da tecnologia´.
A pedra fundamental do PLC é uma pequena peça de silício: um chip
chamado Madbrick. O microprocessador é responsável pela grande largura
de banda que a Internet elétrica atinge, e possibilita a eliminação da
contaminação radioelétrica que fez fracassar projetos europeus
anteriores para o desenvolvimento desse tipo de tecnologia.
A Ds2 (Diseños de Silicio) é uma empresa de Valência que projeta os
chips responsáveis por criar novas possibilidades para a Internet elétrica.
No momento, seu chip Madbrick atinge velocidade de 45 megabits por segundo
(Mbps). A empresa já começou a produção do chip Wisconsin, que atinge
velocidade de até 200 Mbps simétricos - ou seja, a velocidade é a mesma
para baixar ou subir dados -, a um preço mais competitivo.
"Em termos de alta velocidade, não há concorrência. Até 2004,
tínhamos uma tecnologia cara com velocidade de 45 Mbps. Este ano, com o
novo chip, além de obtermos velocidade sensivelmente maior, os custos serão
semelhantes aos dos nossos concorrentes", disse Jorge Blasco,
presidente-executivo e co-fundador da Ds2, em entrevista à Reuters.
A Ds2, que conta com 15% de participação da gigante de energia
espanhola Endesa e com 1,9% de participação da Itochu, faturou cerca de
6 milhões de euros em 2003, instalando 25 mil chips, enquanto em 2004 seu
faturamento deve ter atingido os 10 milhões de euros, com produção de
500 mil microprocessadores.
Para 2005, ano em que os especialistas desse mercado iniciante prevêem
a popularização dos sistemas PLC, a empresa espera atingir faturamento
de 40 milhões de euros. "A posição de liderança da Ds2 em chips
de acesso se manterá pelo menos até 2007", disse Francisco de la Peña,
consultor independente do comissariado da União Européia para a
sociedade da informação.
Apesar da grande concorrência no mercado de acesso à Internet, Blasco
acredita que a conexão elétrica terá sucesso por causa de suas
vantagens. "Primeiro que o PLC chega a qualquer tomada. Em segundo
lugar, é uma forma alternativa que rompe com monopólios. E em terceiro,
os investimentos são relativamente mais baixos se comparados com os
recursos necessários para se criar uma rede de cabo, inclusive de uma
rede ADSL."
Além da Ds2, a dobradinha espanhola no mercado de PLC se completa com
a Tecnocom, considerada líder na integração da tecnologia e dona de 75
por cento do segmento, aproximadamente. A companhia trabalha com as
principais elétricas da Espanha, Portugal, México e China e prevê
quadruplicar o faturamento em 2005.
"O ano de 2005 vai ser o ano do PLC. Poderemos quase quadruplicar
nosso faturamento com a tecnologia e outros sistemas complementares",
disse uma fonte da Tecnocom. A Comissão Européia recomendou às agências
nacionais de telecomunicações e serviços públicos a eliminação de
barreiras que dificultam a implantação do PLC.
Ao mesmo tempo, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, também
pediu uma "melhor utilização das linhas elétricas" do país
para aproveitar a oportunidade de estender a banda larga a todo o país.
Reuters
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