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Comunicação pela internet
aproxima público e autores de novelas
DÉBORA MIRANDA
do Agora
Todo mundo que segue uma novela tem palpites sobre quem deve ficar com quem, que
punição o vilão deve sofrer e quem deve se dar bem ou mal. Agora, por meio de
e-mails, de sites ou blogs de autores e da rede de relacionamento Orkut, muita
gente consegue falar com quem decide os destinos na história.
O Orkut é o principal meio de comunicação. "Há uma comunidade de
"A Lua me Disse' que o Miguel [Falabella] e a Maria Carmem [Barbosa]
acompanham. As pessoas colocam tópicos assim que o capítulo termina. Mas é
uma comunidade meio comprometida, feita por fãs", diz Antonia Pellegrino,
colaboradora de texto da novela das sete.
A abordagem do público no blog da colaboradora é diferente. Lá, ela não
recebe só elogios, mas também questionamentos. "É ótimo. A novela
estreou agora, estamos sentindo a temperatura. Na rua, pergunto, converso com as
pessoas e vejo o que acham. Tem as pesquisas de ibope, mas isso é mais
quente", conta Antonia.
A autora de "América", Glória Perez, diz não abandonar por nada o
contato com o público. "Desde "Explode Coração', na qual falei da
internet e de sua capacidade de cruzar pessoas que não se encontrariam na vida,
mantenho esse contato com o público. Em "O Clone', escrevia em listas
sobre drogas. Agora, que abordo deficiência visual, falo com dezenas de
deficientes, que me contam suas experiências."
Tiago Santiago, autor de "A Escrava Isaura", aproveitou as facilidades
da internet para saber o que os outros falavam da novela. Além de seu site,
pelo qual recebia mensagens, o escritor tinha o hábito de entrar na comunidade
da novela no Orkut e ver as opiniões. "De lá, tirei idéias. As pessoas
olham para cada detalhe, são implacáveis", afirma. As respostas para as
críticas ele dava ao longo da novela. Houve quem dissesse que Rosa (Patrícia
França) dormia com todo mundo e nunca engravidava. O autor criou um passado
para a personagem, no qual ela havia perdido dois bebês.
Glória Perez diz que não costuma mudar a trama por causa do que a audiência
acha. "O público pensa no que já viu. Não levo em conta as suas conclusões,
mas o seu sentimento. É diferente." Antonia completa: "Escrever
novela é um trabalho brutal. Uma percepção é importante para equilibrar, mas
há independência da história. Pesquisas facilitam a vida de quem escreve, mas
não substituem o contato da rua. O autor fica muito em casa, e o Orkut ocupou
esse espaço".
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