Jornais
nos EUA querem ganhar dinheiro na Web
As editoras de jornais norte-americanas, desesperadas para reduzir as
quedas de circulação, descobriram que são capazes de atrair milhões de
leitores aos seus sites na Web, mas ganhar dinheiro com essa audiência
vem se provando muito mais difícil. Na pesquisa Media Review conduzida
esta semana em Nova York, executivos de todas as grandes empresas jornalísticas
alardearam o grande aumento no número de leitores das versões online de
seus jornais.
Algo que não foi muito
mencionado nas apresentações, porém, é que quase todos os leitores estão
obtendo essas notícias de graça - as mesmas notícias pelas quais
pagariam em forma de assinatura ou comprando os jornais em banca.
"Os jornais precisam
enfrentar essa questão, e provavelmente deveriam tê-lo feito cedo, em
lugar de esperar todo esse tempo", disse John Morton, um consultor
jornalístico, recentemente.
Tomemos por exemplo a Journal
Register, que permite acesso gratuito de leitores aos seus sites e só
vende publicidade online a empresas que anunciem em um ou mais de seus 27
jornais. O presidente-executivo Robert Jelenic disse que a receita
publicitária online da Journal Register aumentaria em 45% este
ano, para cerca de US$ 9 milhões. Mas isso é muito pouco diante do
faturamento publicitário total de US$ 362 milhões que a empresa
registrou no ano passado.
"Se queremos um dia
faturar US$ 50 milhões, US$ 75 milhões ou US$ 100 milhões, teremos de
fazer alguma coisa um pouco diferente", reconheceu Jelenic.
"Estamos pensando seriamente no assunto a cada dia."
Determinar se os jornais
conseguirão capturar receita junto aos assinantes online é uma das
maiores questões para um setor em que os preços das ações estão em
queda de cerca de 10% este ano e apresentam desempenho inferior ao do
mercado como um todo.
"Os investidores
deveriam se importar", afirma Morton. "Um modelo de negócios
que dependa de faturar com a venda de jornais em papel mas envolva o
fornecimento gratuito da mesma informação online não vai funcionar, em
longo prazo."
Mantendo
leitores
Mas cobrar os leitores pelo acesso online significa risco, principalmente
porque eles poderão se voltar a outras fontes de notícias gratuitas.
Mesmo o registro de leitores para acesso grátis pode levá-los para outro
site.
Quando o registro começa
"há sempre um impacto no tráfego (de visitantes)", disse
Martin Nisenholtz, vice-presidente sênior de operações digitais da New
York Times Co., que começou a recolher registros de visitantes no site
Boston.com, do jornal Boston Globe.
A New York Times Co.
é uma das empresas de mídia que está mudando sua estratégia para o
mundo online. A companhia recentemente revelou planos para lançar o
TimesSelect, uma assinatura de US$ 49,95 que fornece acesso aos colunistas
e arquivos do New York Times, enquanto outras partes do jornal
continuam gratuitas na Internet.
A presidente-executiva,
Janet Robinson, afirmou esta semana que o novo serviço "vai
diversificar mais nossa fonte de receitas online" e acrescentar
"uma forte fonte de recursos publicitários e de assinaturas".
A Dow Jones & Co. foi
além. A empresa está cobrando por todo o conteúdo do site WSJ.com e
conseguindo apoio de analistas que afirmam que a companhia é uma das
poucas do setor com uma sólida estratégia online. A empresa obteve 731
mil assinantes para o site WSJ.com, cada um pagando US$ 79 por ano. Porém,
se o internauta já é assinante do jornal impresso, o valor da assinatura
do site cai para US$ 39.
Há poucas dúvidas de
que os leitores estejam indo para a Internet. Cerca de um quinto dos
internautas que lêem jornais preferem atualmente suas edições online do
que as de papel, segundo levantamento da Nielsen/NetRatings. O estudo
mostrou que o www.NYTimes.com é o site de jornal mais visitado dos
Estados Unidos, com uma audiência de 11,3 milhões de internautas em
maio, alta de 25% em relação ao mesmo mês do ano passado.
Apesar disso, muitos
jornais vendem anúncios em acordos casados que incluem as edições
impressas e online, algumas vezes com descontos. No Journal Register,
por exemplo, quem quer publicar um anúncio paga US$ 10 por três linhas
de classificados por dez dias. O preço para colocar o anúncio também no
site da empresa? Apenas US$ 1.
Reuters
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