Golpes
online estão "à frente" de empresas de cartões de crédito
James
B. Kelleher
Os principais especialistas em segurança nas duas maiores associações
mundiais de cartões de crédito disseram esta semana que a batalha contra
os ladrões que usam a Internet em seus golpes chegou a um impasse, e que
o setor gastará milhões de dólares ao longo dos próximos 10 anos
apenas para acompanhar o ritmo dos criminosos.
Falando em uma conferência,
em Memphis, John Shaugnessy, vice-presidente de prevenção de fraudes na
Visa USA, e Suzanne Lynch, vice-presidente de serviços de risco e segurança
na MasterCard International, disseram que quadrilhas do crime organizado
—com a ajuda, em muitos casos, de antigos decifradores de códigos da
KGB soviética— têm obtido sucesso em usar a Internet e programas
conhecidos como "crimeware" para contornar as defesas que as
administradoras de cartões de crédito adotaram contra eles.
O quadro que apresentaram
é o de uma escalada na luta entre comércio e criminalidade, com pouca
esperança de alívio rápido para os consumidores preocupados com roubo
de identidade ou para os investidores em bancos que emitem cartões e se
preocupam com o custo crescente das medidas de segurança.
As operadoras de cartões
de crédito estão enfrentando redes criminais dispersas e difíceis de
identificar, responsáveis por boa parte das fraudes, disseram eles.
"Eles são bons,
muito bons, naquilo que estão fazendo", disse Shaughnessy aos
participantes da Bank Card Conference, "e estão alguns passos à
nossa frente em uma ou duas áreas. Aprenderam o que precisavam sobre o
sistema de pagamentos e, por causa deles, muita gente perde o sono."
A avaliação pessimista
surgiu um dia depois que a Symantec, maior produtora de software de
segurança do mundo, divulgou relatório segundo o qual os hackers já não
são mais um grupo formado por adolescentes invadindo sistemas por
passatempo, mas sim membros de quadrilhas do crime organizado que procuram
acesso a informações pessoais de internautas.
A Symantec informou que
os vírus criados para capturar informações confidenciais respondem por
três quartos dos 50 principais vírus, worms e cavalos de Tróia
identificados no primeiro semestre do ano, ante 54 por cento no segundo
semestre de 2004.
Shaughnessy, da Visa,
disse que dados do FBI mostram que o número de reclamações de crimes
que envolvem cartões de crédito e Internet saltou 66 por cento em 2004 e
a média de prejuízo passou de 800 dólares em 2003 para 2.400 dólares
em 2004.
Parte desse crescimento
deve-se à expansão do número de negócios que são fechados pela
Internet disseram Lynch e Shaughnessy. Mas parte também deve-se ao
aumento de sofisticação dos criminosos. "Nós construímos um muro
de 10 metros e os bandidos montam uma escada de 11", disse Lynch.
Lynch lembrou o caso em
que a Cruz Vermelha começou no início deste mês a emitir cartões de débito
MasterCard para ajudar as vítimas do furacão Katrina. Um fotógrafo de
jornal tirou uma foto de um dos beneficiados pelo programa enquanto ele
segurava o cartão. A foto rapidamente foi parar na Internet e o cartão
corrompido. "Em oito horas o cartão havia sido fraudado", disse
Lynch.
"Alguém viu a foto
e, infelizmente, o usuário do cartão não bloqueou o número. Com isso,
alguém acabou usando o cartão de maneira fraudulenta."
Reuters
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