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Suicídios entre internautas
cresceram no Japão em 2005
O número de japoneses que cometem suicídio depois de se reunir em grupos
pela Internet disparou em 2005 para um recorde de 91. Isso praticamente
dobra o total registrado em 2004. A informação foi dada pela polícia
japonesa hoje. O número de suicídios subiu 35% em 1998, quando a
economia do país estava mergulhada em estagnação, e ultrapassou 30 mil
por ano desde então.
Especialistas afirmam que a Internet
sozinha não pode ser responsabilizada pela promoção de suicídios, mas
alertam que a intensidade de algumas salas de bate-papo pode piorar o
estado psicológico dos visitantes. Com os sistemas de tratamento
psicológico no Japão frequentemente sobrecarregados, a Internet tem o
potencial de ser uma poderosa ferramenta terapêutica, principalmente uma
vez que muitos japoneses sentem dificuldade em compartilhar suas
preocupações com outras pessoas ao vivo.
Os suicídios em grupo representam uma
pequena fração do total, mas seu crescimento anual constante, junto com
a cobertura intensa da imprensa, tem deixado especialistas preocupados.
"Muitas pessoas têm muito medo de morrer sozinhas", diz Yumiko Misaki,
diretora do Tokyo Inochi no Denwa (Telefone da Vida), um serviço
de aconselhamento. "Por isso elas se encontram pela Internet para fazer
os preparativos." "E o pior de tudo é que as pessoas são frequentemente
influenciadas por reportagens como esta, então o número deve continuar
crescendo", completa.
Entretanto, há sinais de esperança.
Desde outubro, vários grupos da indústria da comunicação começaram a
fornecer à polícia informações sobre pessoas que publicam mensagens
sugerindo que podem estar prestes a cometer suicídio. Depois que o
sistema de alerta entrou em funcionamento, as mortes em grupo caíram de
36 para 11 em relação ao mesmo período do ano anterior, informou a
polícia.
Os pactos mortais representam um
sinistro desafio para as autoridades japonesas, que tentam reduzir a
elevada taxa de suicídios do país, uma das maiores entre nações
industrializadas. No Japão, não há impedimentos religiosos para o
suicídio, que já foi uma forma de compensação ritual dos guerreiros
samurais e que nos tempos atuais se tornou uma forma de se escapar do
fracasso profissional e escolar ou poupar entes queridos de prejuízos
financeiros.
Em 2003, 34 pessoas morreram em
suicídios coletivos. O número cresceu para 55 em 2004 e para 91 no ano
passado. O dado pode ser colocado diante de um total de 32.325 suicídios
registrados em 2004, último ano com dados disponíveis, queda em relação
ao recorde de 34.427 verificado em 2003.
Apesar de elevado, os números ficam
atrás somente da Rússia, entre o grupo dos oito países mais
industrializados do mundo. Segundo a Organização Mundial de Saúde, a
taxa de suicídio do Japão foi de 24,1 por 100 mil pessoas em 2000,
comparado com 39,4 na Rússia e 10,4 nos Estados Unidos.
Reuters
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