Após sair do coma, menino se
recupera com videogame
Os médicos declararam a morte cerebral de Ethan Myers depois que um
acidente de carro causou sério ferimento craniano ao menino de nove
anos, em 2002. Quando ele miraculosamente despertou depois de um mês em
coma, os médicos declararam que jamais conseguiria comer, andar ou falar
sem ajuda.
No entanto, em parte graças a um
sistema de videogames, Myers conseguiu recuperar o atraso com relação a
seus colegas na escola e até mesmo fazer um discurso diante de um grande
grupo de alunos.
"Estou fazendo exatamente as mesmas
coisas que eles. Tenho feito novos amigos e toda espécie de coisa",
disse Myers, que teve de aprender a andar de novo e estava lendo em
nível de segunda série quando sua terapia por videogame começou, em
março de 2004.
"Não conseguia me lembrar onde colocava
minhas coisas, e agora consigo. Lembro-me das aulas na escola e dos
nomes das pessoas", disse ele em entrevista telefônica da casa de sua
família no Colorado.
Mais fundamentalmente, Myers agora
consegue abrir completamente a sua mão direita, que estava paralisada e
atrofiada em posição fechada. Seu irmão e irmã, que estavam com ele no
carro durante o acidente e sofreram danos cerebrais leves, também
registram melhora em suas memórias e outras funções.
Ethan e seus pais atribuem o progresso
mais recente ao treinamento de feedback neurológico com o sistema
CyberLearning Technology, que já foi usado muitas vezes em jogos de
corrida de carros.
"No último ano, recuperamos o Ethan de
antes do acidente", disse Howard Myers, pai do menino.
O feedback neurológico é uma forma de
condicionamento que recompensa as pessoas pela produção de ondas
cerebrais específicas, como aquelas que aparecem quando a pessoa está
relaxada ou prestando atenção.
Embora essa forma de tratamento exista
há décadas, a incorporação dos videogames marca uma nova fronteira que
aproveita o fascínio dos jovens com a animação e eletrônica para
melhorar tratamentos médicos muitas vezes assustadores, prolongados e
tediosos.
Um jovem paciente de leucemia inspirou
"Ben's Game", que permite que o usuário lute contra as células
cancerosas que invadem seu corpo. Uma ilha privada chamada Brigadoon no
mundo virtual "Second Life", da Linden Lab, está aberta apenas aos
pacientes de autismo e síndrome de Asperger.
As escolas públicas da Virgínia
Ocidental (EUA) estão combatendo a obesidade com o videogame de dança
"Dance Dance Revolution", e a Nintendo, se saiu muito bem com o "Brain
Age", jogo de exercícios mentais.
TECNOLOGIA DA NASA
O sistema CyberLearning da SMART
BrainGames, que Myers ainda usa, tem como objetivo tratar os sintomas
que surgem após danos no cérebro, desordem de falta de concentração por
hiperatividade e outros problemas de aprendizado.
Com preço de 584 dólares, o sistema foi
construído com tecnologia da agência espacial norte-americana (Nasa)
para treinamento de pilotos, que se mantêm alertas durante longos vôos e
calmos em emergências. O sistema é compatível com os consoles
PlayStation 1 e 2 da Sony, bem como com o Xbox da Microsoft.
Os jogadores usam um capacete com
sensores embutidos que medem as ondas cerebrais. Os dados são enviados a
um sistema de neuro-feedback que afeta o controlador.
Os videogames de corridas de carros
funcionam melhor com o sistema. Quando as ondas cerebrais do paciente
não estão sintonizadas corretamente por ele, o controlador torna mais
difícil acelerar e virar o carro, afirmaram médicos.
As famílias normalmente pagam entre US$
2 mil a US$ 2,5 mil por um programa supervisionado de seis meses com
profissionais da SMART BrainGames.
Reuters
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