Piratas lucram ao vender dicas sobre falhas em programas

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JULIANO BARRETO
da Folha de S.Paulo

No canto da barra de tarefas do Windows, ao lado do relógio, o ícone do escudo que mostra o nível de proteção do PC está amarelo. Isso significa que o sistema operacional precisa de reparos, pois novas maneiras de invadir o seu computador foram descobertas. Mas, antes de receber esse alerta, seu micro pode ter ficado vulnerável a ataques e a invasões por semanas ou até por meses.

Essa situação não é rara e vale ouro para os piratas da internet. Mesmo depois do lançamento das correções para essas brechas de segurança, hackers e golpistas ainda podem roubar informações pessoais armazenadas no micro das vítimas ou mesmo destruir dados de milhares de máquinas, graças ao desleixo dos usuários que não atualizam seus sistemas.

O fruto dessas ações cibercriminosas pode ser o dinheiro derivado de golpes em clientes de bancos ou a fama no submundo por um ataque bem sucedido.

Há, entretanto, uma nova e lucrativa opção para os piratas: vender as informações sobre as vulnerabilidades de um programa para outros hackers ou mesmo para a empresa dona do produto defeituoso. Segundo pesquisa da empresa de segurança Kaspersky (
www.kaspersky.com.br), um grupo de hackers conseguiu lucrar US$ 4.000 vendendo uma brecha de segurança grave no Windows, em dezembro do ano passado. Explorando uma brecha no carregamento de imagens no formato WMF (Windows Meta File), os golpistas que compraram a falha criaram sites com códigos maliciosos que enviavam comandos externos para máquinas com as versões mais populares do Windows, como a XP, a Me e a 98.

Depois disso, ainda em dezembro, um leilão no site eBay (
www.ebay.com) chamou a atenção pelo item que oferecia: uma falha de segurança no editor de planilhas Microsoft Excel.

Assim que teve conhecimento do conteúdo da oferta, o eBay retirou a barganha do ar, mas, em pouco tempo, já havia usuários dispostos a pagar US$ 60 por ela.

Mas não é só no submundo da internet que os erros das gigantes da informática e o medo que eles espalham começam a ser comercializados. Empresas, como a especialista em redes 3Com, mantêm programas de incentivo a pesquisadores independentes.

A idéia é fazer com que as falhas descobertas não caiam em mãos erradas e, para tanto, há uma compensação financeira.

Se forem levadas em conta a quantidade de falhas descobertas e a velocidade com que elas são corrigidas, o mercado do medo pode ser considerado bastante promissor. De acordo com um relatório semestral da criadora de antivírus Symantec (
www.symantec.com.br), no segundo semestre de 2005, foram descobertas 1.895 vulnerabilidades em programas, que demoraram, em média, 49 dias para serem corrigidas. Já os problemas aparecem muito mais rapidamente: as falhas em programas recém-lançados demoraram menos de uma semana para serem identificadas.
 
 

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