PARIS - Executivos dos setores de
tecnologia, mídia e telecomunicações da
Europa temem que o gigante das buscas e
publicidade em Internet Google lhes
roube negócios, disseram eles em uma
conferência promovida pela Reuters esta
semana.
Diversos executivos mencionaram a
empresa do Vale do Silício como um de
seus mais temidos rivais -- mesmo que
não soubessem exatamente como o Google
poderia se tornar seu concorrente -- e
como uma empresa com a qual deveriam
tentar formar parcerias, em seu próprio
benefício.
"O Google me preocupa porque há muito
que eu não sei", disse Eric Simonsen,
vice-presidente de finanças da Nokia
Siemens Networks [NSN.UL], empresa que
fornece infra-estrutura de
telecomunicações, durante a Reuters
Technology, Media and Telecoms Summit,
em Paris.
"Nossa visão, com o mundo conectando
primordialmente via Internet algo como
cinco bilhões de pessoas, e tendo em
vista os recursos de que o Google
dispõe, é de que imaginar que eles não
estarão no meu mercado seria estupidez
de minha parte", afirmou.
"Não sei como, não sei quando, mas
devo pensar sobre esse tipo de coisa",
acrescentou o executivo.
O Google vem estendendo sua atuação,
das áreas básicas em que sempre operou a
setores como o software para celulares,
cabos submarinos de comunicações e
software médico, gerando uma onda de
ansiedade que surgiu nos Estados Unidos
e continua a crescer na Europa.
Nos Estados Unidos, empresas tão
distintas quanto o grupo de varejo
Wal-Mart, a fornecedora de commodities
agrícolas Cargill [CARG.UL] e bancos de
Wall Street vêm estudando a maneira pela
qual o Google pode vir a desafiá-los, em
longo prazo.
Preocupações aparentemente
exageradas, como estas, têm por base o
controle do Google sobre as atividades
de busca na Internet, o ponto de partida
das buscas de informações pelos
consumidores. A fatia de mercado do
Google nos serviços mundiais de buscas é
de mais de 70 por cento.
Como resultado, a empresa atraiu a
atenção das autoridades regulatórias da
competição na Europa e nos EUA, no ano
passado, depois de queixas da Microsoft
e das grandes operadoras de
telecomunicações.
Martin Sorrell, principal executivo
do grupo de propaganda WPP, costuma
chamar o Google de "frenemy", uma
brincadeira com as palavras amigo e
inimigo, em inglês, embora ele gaste
algo como 850 milhões de dólares por ano
em anúncios no Google para seus clientes
-- quase 4 por cento da receita total
projetada para o Google este ano, de 21
bilhões de dólares.
Ele afirmou, durante o Reuters Summit:
"a Google é uma companhia fenomenal,
assim como a Microsoft e a Yahoo,
francamente. E nós tentamos cada vez
mais encontrar formas de trabalhar com
eles".