WASHINGTON – Pesquisadores
norte-americanos treinam computador para
“ler” a mente humana.
Isso seria possível por meio do
acompanhamento de imagens de atividade
do cérebro quando as pessoas pensam em
palavras específicas, de acordo com a
equipe de cientistas.
Eles esperam que o estudo, publicado
na revista Science, possa levar a um
melhor entendimento de como e onde o
cérebro armazena informação.
Isso poderia criar tratamentos
melhores para desordens de linguagem e
problemas de aprendizado, disse Tom
Mitchell, do Departamento de Aprendizado
de Máquinas da Universidade Carnegie
Mellon, em Pittsburgh, que ajudou a
liderar o estudo.
"A questão que estamos tentando
responder é uma que as pessoas têm há
séculos: Como o cérebro organiza o
conhecimento?", disse Mitchell em
entrevista por telefone.
"Foi apenas nos últimos 10 a 15 anos
que nós conseguimos ter um caminho para
estudar essa questão."
A equipe de Mitchell usou imagens por
ressonância magnética funcional, um tipo
de exame cerebral que é capaz de exibir
atividade mental em tempo real.
Os cientistas calibraram o computador
com ajuda de nove voluntários que
pensaram em 58 palavras diferentes,
enquanto tinham a atividade de seus
cérebros monitorada.
"Demos instruções para as pessoas em
que dissemos para eles que mostraríamos
palavras e quando elas vissem essas
palavras deveriam pensar sobre suas
propriedades", disse Mitchell.
Os cientistas criaram uma imagem
"média" de uma palavra por meio da
análise da atividade dos cérebros das
nove pessoas enquanto elas pensavam nos
58 termos diferentes.
"Se eu lhe mostrar imagens do cérebro
para duas palavras, a coisa principal
que você pode perceber é que elas se
parecem muito. Se você olhar para elas
por algum tempo, pode acabar vendo
algumas diferenças sutis", afirmou
Mitchell.
A imagem "média" da palavra permitiu
o treinamento do computador.
"Depois que treinamos com as 58
palavras, podemos dizer 'Agora há duas
novas palavras que vocês não viram, aipo
e avião"'. O computador então teve que
escolher que imagem do cérebro
correspondia a cada palavra.
A máquina acabou conseguindo passar
no teste, prevendo quando uma pessoa
pensava em "aipo" e quando a palavra era
"avião".
O próximo passo da pesquisa é estudar
a atividade cerebral quando uma pessoa
pensa em frases.
"Se eu digo "coelho" ou "coelho
rápido", são idéias muito diferentes",
disse Mitchell.
O cientistas afirmou ter ficado
surpreso com a similaridade das imagens
obtidas entre os nove voluntários,
apesar do trabalho meticuloso. Para uma
ressonância funcionar bem, um paciente
tem que ficar sentado ou deitado imóvel
por vários minutos.
"Pode ser difícil se concentrar",
disse Mitchell. "Em algum momento no
meio do processo o estômago pode roncar.
E de repente o voluntário pode pensar
'Eu estou com fome... oops'. Não é um
experimento controlável."