Pessoas são rastreadas pelo celular para pesquisa
 
A localização de mais de 100 mil usuários de celulares foi rastreada em uma tentativa de construir um amplo quadro dos movimentos humanos, em um estudo da Northeastern University de Boston, publicado na revista especializada Nature.

O estudo concluiu que os humanos são criaturas de hábito, que basicamente visitam poucos lugares várias vezes e geralmente se movem por menos de 10 km.
O resultado pode ser usado para evitar epidemias de doenças ou para prever o trânsito, afirmam os autores do projeto.

"Seria maravilhoso se todos os usuários de celulares liberassem para as universidades o acesso aos seus dados, porque eles são muito ricos" disse uma das autoras do estudo, Marta Gonzalez, da Northeastern University, de Boston.
William Webb, chefe do setor de pesquisas e desenvolvimento do órgão britânico regulador de telecomunicações Ofcom, concorda que os dados fornecidos pelo uso de telefones celulares ainda são pouco explorados.

"Esta é a penas a ponta do iceberg", disse ele à BBC. Método Anteriormente, pesquisadores tentaram mapear atividades humanas usando GPS ou vigilâncias, mas os métodos são caros.

Outro método inovador rastreou o movimento de notas de dólar em uma tentativa de reconstruir movimentos humanos, mas segundo Gonzalez, o método não fornece um quadro amplo dos movimentos humanos porque "as notas passam de uma pessoa para a outra, então, não é possível medir o comportamento individual".

O estudo publicado na Nature escolheu aleatoriamente 100 mil usuários anônimos entre mais de 6 milhões. Cada vez que um dos participantes enviava ou recebia uma ligação, ou mensagem de texto, a locação da estação de base que transmitia os dados era registrada.
As informações foram coletadas por seis meses, mas segundos os pesquisadores, os padrões de movimento podiam ser identificados na metade do tempo.

Comportamento modelo. "A vasta maioria das pessoas se move em torno a uma distância muito curta - cerca de cinco a 10 km", explicou o professor Albert-Laszlo Barabasi, outro membro da equipe. "E há também os poucos que se movem por centenas de quilômetros de maneira regular."

Barabasi disse que ficou surpreso ao constatar que o padrão dos movimentos das pessoas, por distâncias curtas e longas, eram muito parecidos: as pessoas tendem a voltar para os mesmos lugares repetidamente.

"Por que esta é uma boa notícia?", ele perguntou. "Se fosse construir um modelo sobre como as pessoas se movem em sociedade e os movimentos não fossem semelhantes, seriam necessários seis bilhões de modelos diferentes - cada pessoa necessitaria de uma descrição diferente."

Agora os modelos têm uma regra básica a seguir, disse ele. O rastreamento de pessoas usando tecnologia de telefone celular não é novidade e cada vez mais há acessórios comerciais, como serviços para rastrear crianças, ou amigos que recebem um alerta quando há outro amigo em uma região próxima. Especialistas prevêem que vários outros serviços serão criados nos próximos anos, usando a tecnologia.

BBC Brasil

 

 

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