David Pogue
Agora
que
a
Apple
já
vendeu
160
milhões
de
iPods,
deu
nova
forma
ao
setor
de
música
e
inspirou
dezenas
de
concorrentes,
talvez
tenha
chegado
o
momento
de
admitir:
os
music
players
talvez
representem
mais
que
uma
moda
passageira.
Mas
ao
longo
de
todo
esse
tempo
quase
ninguém
mencionou
o
gritante
problema
que
cada
um
desses
aparelhos
oferece:
os
fones
de
ouvido.
É,
vocês
entenderam.
Centenas
de
milhões
de
vezes
a
cada
dia,
donos
de
players
digitais
colocam
seus
fones
de
ouvido
sem
pensar
duas
vezes,
e
isso
não
só
os
deixa
surdos
diante
do
mundo
exterior
como
também
os
torna
inconscientemente
rudes.
E
isso
se a
pessoa
consegue
que
eles
fiquem
no
lugar.
Ninguém
fala
a
respeito,
mas
considerável
proporção
da
população
não
dispõe
da
formação
cartilaginosa
necessária
a
manter
os
fones
de
ouvido
no
lugar.
(Sou
um
deles.
Não
conte
para
ninguém.)
Que
tal
demonstrar
alguma
simpatia
por
essas
pessoas
sofridas?
Onde
estão
os
grupos
de
ajuda
mútua,
os
programas
de
caridade
em
nosso
benefício
na
televisão?
Bem,
a
tecnologia
criou
esses
problemas
e
agora
os
resolveu.
Dois
fones
de
ouvido
alternativos
chegaram
ao
mercado
e
ambos
resolvem
com
elegância
todos
os
problemas
de
audição,
segurança
e
encaixe
dos
modelos
tradicionais.
Em
lugar
de
serem
colocados
nos
ouvidos,
eles
transmitem
sinais
sonoros
pelos
ossos
ou
cartilagens.
Seriam
perfeitos
- se
não
tivessem
suas
próprias
falhas.
O
mais
promissor
desses
fones
é o
Audio
Bones,
disponível
em
laranja,
azul,
branco
e
preto
por
US$
190
(cerca
de
R$
380)
- e,
por
US$
30 a
mais
(não
pergunte
o
motivo)
em
rosa,
verde
limão,
púrpura
ou
marrom.
São
fones
de
ouvido
que
transmitem
sons
pelos
ossos,
o
que
significa
que
o
som
passa
diretamente
pelo
crânio
para
o
ouvido
interno,
sem
usar
o
tímpano.
O
conjunto
fica
instalado
na
porção
traseira
da
cabeça,
encaixado
sobre
as
orelhas,
e os
fones
pendem
adiante
delas.
Ou
seja,
os
fones
de
ouvido,
se é
assim
que
você
se
refere
a
eles,
ficam
atrás
de
suas
orelhas.
Em
outras
palavras,
os
ouvidos
ficam
completamente
desocupados.
É
possível
ouvir
a
música
do
aparelho
mas
também
tudo
mais
que
acontece
em
volta.
O
design
do
aparelho
é
muito
inteligente
e
oferece
uma
longa
lista
de
vantagens.
Por
exemplo,
os
fones
resolvem
de
maneira
elegante
o
problema
da
indelicadeza,
porque
a
pessoa
pode
ouvir
música
sem
se
excluir
da
conversa.
É
como
conversar
ouvindo
alguma
música
ao
fundo
-
mas
em
um
aparelho
muito
pequenino
que
só
uma
pessoa
é
capaz
de
ouvir.
Os
aparelhos
também
ficam
firmes
no
lugar
porque
não
precisam
das
cartilagens
para
retenção.
Eles
ficam
enganchados
sobre
as
orelhas.
Nem
todo
mundo
tem
cavidades
auditivas
capazes
de
acomodar
o
fone
de
um
iPod,
mas
quase
todo
mundo
tem
orelhas.
Além
disso,
os
Audio
Bones
se
enroscam
menos
do
que
os
fones
tradicionais,
porque
têm
um
único
cabo,
que
desce
do
centro
da
faixa
plástica
que
une
os
dois
fones,
em
lugar
de
um
cabo
por
fone.
O
que
vou
dizer
a
seguir
provavelmente
vai
soar
alarmante
e
controverso.
Mas
se
você
pensar
bem
vai
perceber
que
é
perfeitamente
seguro
usar
esses
fones
ao
dirigir.
Afinal,
como
é
que
usar
esses
fones
pode
ser
mais
perigoso
que
ouvir
o
rádio
no
carro?
A
única
diferença
é
que
eles
são
muito
menores
e
ficam
muito
mais
perto
de
sua
cabeça.
Uma
surpresa
é
que
se
pode
ouvir
música
com
o
Audio
Bones
mesmo
que
você
esteja
usando
protetores
de
ouvido,
o
que
pode
ser
uma
boa
idéia
caso
a
pessoa
trabalhe
em
ambiente
ruidoso.
Os
fones
comuns
do
iPod
não
oferecem
essa
capacidade.
Além
disso,
o
fone
é à
prova
d'água.
Caso
você
encontre
maneira
de
tornar
o
player
impermeável
(um
estojo
à
prova
d'água,
por
exemplo),
poderá
ouvir
a
Música
Aquática
de
Handel
enquanto
nada.
O
ponto
é
irrelevante,
mas
vale
a
pena
admitir:
o
Audio
Bones
torna
menos
repulsivo
tocar
música
para
alguém
usando
o
seu
player.
Pode
assumir:
quando
alguém
tira
fones
de
ouvido
comuns
das
orelhas
e os
passa
a
você,
há
pelo
menos
um
momento
de
avaliação
de
higiene
pessoal
antes
que
você
decida
colocá-los
nos
ouvidos.
Os
fabricantes
do
Audio
Bones
também
garantem
que
a
condução
de
som
pelos
ossos
oferece
menos
probabilidade
de
perda
de
audição
ao
longo
dos
anos,
e
que
essa
tecnologia
permite
que
certas
pessoas
que
sofreram
problemas
nos
tímpanos
voltem
a
apreciar
os
prazeres
da
música
(a
condução
óssea
de
som
já
está
disponível
em
certos
aparelhos
auditivos).
A
lista
de
qualidades
é
bastante
impressionante.
E,
excetuado
o
preço
salgado,
só
existe
um
problema
significativo
quanto
ao
Audio
Bones
- e
é um
problema
crucial:
a
qualidade
de
som
não
é
muito
boa.
Comparado
a
fones
de
ouvido
comuns,
o
Audio
Bones
parece
mais
abafado,
com
menos
presença.
E o
volume
oferecido
é
bem
mais
baixo
- é
preciso
colocar
o
iPod
no
máximo
para
ouvir
os
detalhes
da
música.
Os
audiófilos
que
já
se
queixam
da
qualidade
de
som
do
iPod
certamente
ficarão
revoltados.
Mesmo
assim,
o
Audio
Bones
serve
perfeitamente
para
ouvir
livros
gravados,
música
para
exercício
físico
e
música
como
distração.
E a
lista
de
vantagens
que
o
aparelho
oferece
é
bem
longa.
Basta
dizer
que
se o
Audio
Bones
permitir
que
ciclistas,
motoristas
ou
corredores
sofram
um
desastre
a
menos,
isso
já é
um
bom
começo.
Mas
a
estrutura
óssea
não
é o
único
caminho
para
o
coração
dos
amantes
da
música.
Uma
empresa
chamada
Zelco
oferece
uma
experiência
extra-auditiva
completamente
única:
os
fones
de
ouvido
Outis
(US$
110,
ou
cerca
de
R$
220).
São
fones
completamente
bizarros
que
você
prende
na
parte
externa
da
orelha,
o
que
faz
deles
os
primeiros
fones
a
conduzir
som
pelas
cartilagens.
Encontrar
a
posição
perfeita
pode
demorar
um
pouco;
o
som
muda
muito
dependendo
de
onde
o
aparelho
é
posicionado
na
orelha.
Não
são
especialmente
confortáveis,
tampouco,
porque
apertam
sua
orelha
para
se
manterem
no
lugar.
(Por
sorte,
a
cartilagem
da
orelha
não
é
especialmente
sensível.)
Mas
a
parte
mais
estanha
é um
recurso
adicional
do
Outis
que
se
torna
aparente
quando
a
música
começa:
ele
vibra.
Em
um
esforço
para
simular
os
impulsos
sonoros
que
as
pessoas
sentem
nos
ossos
diante
do
subwoofer
de
um
sistema
de
som,
a
Zelco
equipou
os
fones
com
o
que
deve
ser
um
primo
minúsculo
do
mecanismo
que
faz
com
que
os
celulares
vibrem.
A
cada
golpe
de
baqueta
ou
toque
de
guitarra,
você
sente
um
pequeno
drrrr
vibrante
e
audível
nos
ouvidos.
Sim,
é
possível
verdadeiramente
sentir
a
música,
ainda
que
mais
como
cócega
do
como
que
pulso
nos
ossos.
O
efeito
causa
fortes
controvérsias.
Algumas
pessoas
acreditam
que
as
vibrações
tornam
mais
interessante
a
experiência
de
ouvir
música.
Outras
mal
podem
esperar
para
arrancar
os
fones
das
orelhas.
Infelizmente,
o
Outis
requer
bateria
própria,
uma
caixa
branca
de
plástico
que
a
pessoa
precisa
prender
à
roupa
- e
se
lembrar
de
carregar,
em
uma
tomada
ou
porta
USB,
depois
de
seis
a
oito
horas
de
uso,
o
que
representa
considerável
incômodo.
A
unidade
de
bateria
tem
um
pequeno
botão
que
supostamente
permite
controlar
até
quatro
intensidades
diferentes
de
vibração.
O
que
ela
na
verdade
oferece
são
quatro
volumes
diferentes.
Ou
seja,
não
se
pode
reduzir
a
vibração
sem
reduzir
a
audibilidade.
É
lastimável,
na
verdade,
porque
o
sistema
parece
promissor.
Sem
o
truque
da
vibração,
você
tem
fones
que
oferecem
graves
ricos
e
agudos
nítidos
(até
mesmo
para
as
pessoas
que
estejam
nas
proximidades
- os
fones
deixam
escapar
bastante
som).
Ainda
assim,
não
há
alteração
de
projeto
capaz
de
impedir
que
uma
pessoa
pareça
esquisita
usando
o
Outis.
As
pessoas
vão
imaginar
que
você
está
usando
capas
de
batom
por
trás
das
orelhas.
Mas
pensem
no
aspecto
positivo:
ao
menos
há
quem
esteja
aplicando
certa
engenhosidade
aos
problemas
dos
fones
de
ouvido.
(A
solução
mais
brilhante
até
o
momento
são
os
fones
Arriva,
da
arriva.com.
Eles
oferecem
ponto
de
conexão
para
um
iPod
Shuffle
bem
no
meio
da
faixa
dobrável
que
conecta
os
dois
fones,
e
fica
na
parte
traseira
de
sua
cabeça.
O
resultado
é um
sistema
de
música
pessoal
de
uma
peça
só,
sem
fio,
que
não
sai
do
lugar
e é
fácil
de
recarregar.
Caso
a
pessoa
use
cabelo
comprido,
pode
esconder
o
aparelho
completamente,
o
que
altera
profundamente
a
experiência
de
participar
de
longas
reuniões
com
o
pessoal
do
escritório.
Mas
é
melhor
que
eu
volte
ao
assunto.)
Se
você
não
se
incomoda
em
trocar
algum
volume
e
clareza
por
mais
segurança
e
conveniência,
o
Audio
Bones
é o
seu
aparelho.
Quanto
ao
Outis,
por
enquanto
é
melhor
considerá-lo
como
experiência
para
as
pessoas
que
adoram
experimentar
novidades
antes
de
todo
mundo.
Tradução:
Paulo
Migliacci
ME