Randall Stross
Laptops novos que
demoram 30 segundos para
ligar? Lentos demais
para mim. Cinco
segundos? Melhor, mas
ainda assim prefiro uma
máquina que esteja
pronta a operar em um
segundo, como meu
celular inteligente.
Estou ciente de que
minha impaciência com a
demora na ativação de um
computador causa desdém.
Quando o mundo todo vive
uma crise econômica,
contar os segundos que
um computador demora a
se ativar pode parecer
uma trivialidade.
Mas não sou o único.
A insatisfação com o
tempo de ativação de
um computador, que
usualmente demora entre
45 e 60 segundos, é
comum entre os usuários
de computadores e se
reflete em muitas
discussões sobre o tema
na Internet.
Creio que essa
insatisfação não reflita
impaciência. Reflete,
isso sim, uma mudança
importante na
computação, porque
passamos a usar laptops
não como computadores
que utilizamos por
horas, mas como máquinas
de acesso à Internet,
por curtos períodos mas
com freqüência elevada,
e quase que só para
isso.
Não toleramos agora,
e jamais toleramos,
esperas longas demais
para atividades curtas.
Se vou passar apenas
alguns segundos
procurando alguma coisa
na Web, é natural que eu
deseje que a espera seja
a mais curta possível na
hora de ligar o
aparelho. Não se trata
de impaciência, mas de
senso de proporção.
Os celulares
inteligentes oferecem
acesso a e-mails e à
Web. E uma nova
categoria de laptops que
cresce rapidamente, a
dos netbooks, agora faz
o mesmo, mas com telas e
teclados maiores que os
dos celulares. Os
netbooks são leves e
baratos - muitos deles
custam por volta de US$
400 -, mas para que
sejam verdadeiramente
úteis precisariam ser
ligados na hora, como
acontece com um celular
inteligente.
Os fabricantes de
computadores prometem
laptops que se ativarão
mais rápido que nunca,
mas prudentemente evitam
comparação com os
celulares. Os
fabricantes aceleraram o
tempo de ativação
equipando as máquinas
dotadas de sistema
operacional Windows com
um subsistema separado
dotado de unidade de
processamento central
própria.
Se você opta por
utilizar o método ao
ligar a máquina, o
Windows não é acionado e
um mini-sistema
operacional entra em
ação em seu lugar,
oferecendo um conjunto
limitado de aplicativos,
entre os quais um
browser e alguns poucos
recursos adicionais.
A funcionalidade
limitada não me
incomoda. Bastam um
browser e o e-mail para
me satisfazer. Mas essas
máquinas ainda assim
demoram demais para
chegar a uso útil. No
momento, a única maneira
de ativar um
laptop rápido é a
partir do modo standby,
no qual a última sessão
de uso fica gravada na
memória. Mas as conexões
de rede caem, e reter os
dados na memória consome
energia da bateria.
Um dos fabricantes
cujas máquinas leves
criaram a categoria dos
netbooks é a Asus, de
Taiwan. Para acelerar a
ativação, ela usa o
Express Gate, um
subsistema que, segundo
a empresa, pode ativar a
máquina em apenas oito
segundos, a depender da
velocidade do
processador e do disco
rígido.
Recebi da empresa
para teste um G50V,
laptop de 2,8 quilos
configurado para
videogames. Descobri que
a ativação demora apenas
oito segundos com o
Express Gate, mas, para
que eu pudesse verificar
e-mails, demorei 43
segundos a ativar o
browser, estabelecer
conexão Wi-Fi e abrir o
Gmail.
Uma abordagem
diferente é proposta por
Arjan van de Ven e Auke
Kok, engenheiros do
Centro de Tecnologia
Aberta da Intel, que
decidiram criar versões
do sistema operacional
Linux acionáveis em
apenas cinco segundos,
em lugar dos 45
habituais. Eles também
querem ativação usando o
sistema básico, sem um
subsistema especial.
Demonstraram a façanha
em uma conferência de
programadores do Linux
em setembro, com um Asus
Eee PC 901, equipado com
um disco rígido em
formato flash, o que
ajuda, mas com uma lenta
unidade de processamento
central Atom, o que
atrapalha.
Van de Ven disse que
usou técnica semelhante
para reduzir o tempo de
acionamento a três
segundos em máquinas
equipadas com o
processador Core 2 Duo.
Mas o cômputo não inclui
o tempo de conexão à
rede e acionamento do
browser.
Ainda outra
abordagem, a que mais me
intrigou, deve ser
lançada pela Dell no
final do ano. O recurso
Latitude On não quer ser
o mais rápido: ainda
requererá de 40 a 45
segundos para ativação,
mas, quando ativado,
poderá ser mantido ativo
por período indefinido,
porque seu consumo de
energia será mínimo. Um
porta-voz da Dell
revelou que algumas das
máquinas testadas
funcionaram "quase
quatro dias" com uma
única carga.
O que me interessa é
que, quando o Latitude
On estiver em uso, a
máquina não fica em
standby, mas em modo de
"baixa energia", nos
termos da Dell. Isso
permite manter as
conexões de rede
acionadas e a recepção
de e -mails. Basta um
toque para a tela se
ativar, em um ou dois
segundos, diz a Dell,
exatamente como um
celular inteligente.
É exatamente isso que
eu queria ter. Na
verdade, eu queria só o
subsistema que permite
conexão constante com a
Internet, sem precisar
do sistema principal.
Mas a Dell não oferecerá
o recurso em um netbook
barato. O Latitude On
será oferecido com
laptops de alta
capacidade para uso
executivo; a empresa não
anunciou preços, mas os
modelos dessa linha hoje
custam a partir de US$
1.999.
E mais uma má
notícia: os
departamentos de
informática das empresas
que a Dell pretende ter
como clientes primários
para essas máquinas
pediram que o sistema
requisite uma senha para
abrir o acesso em cada
reativação.
Não, obrigado. Vou
esperar, então, pela
próxima geração de
máquinas de ativação
instantânea, que
mantenham a conexão com
a Internet mesmo que a
tela escureça, funcionem
por dias sem precisar de
recarga e sejam vendidas
por preços moderados - e
com senha opcional para
reativação. Se demorar,
tudo bem. Não sou
impaciente.
Tradução: Paulo
Migliacci
The New York Times