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DANIELA ARRAIS
da Folha de S.Paulo
Tudo era uma brincadeira ou um registro de momentos que diziam respeito, apenas, a duas pessoas. De repente, você acessa a internet, checa seu e-mail ou perfil em redes sociais e se depara com uma surpresa: fotos ou vídeos mostrando a sua intimidade estão ao alcance de um clique.
Quem já fotografou ou filmou a si mesmo em poses ou movimentos sensuais e sexuais está sujeito a virar atração na internet. Com a disseminação da tecnologia, fica cada vez mais comum encontrar na rede imagens de anônimos em situações que ultrapassam as quatro paredes --nem sempre por vontade própria.
Uma leva de celebridades, como Paris Hilton, Vanessa Hudgens e Daniella Cicarelli, já teve fotos e vídeos divulgados na internet sem autorização. Ganharam os holofotes, é claro, mas também tiveram que recorrer à Justiça para retirar o conteúdo do ar -quase sempre, sem sucesso.
O fenômeno é chamado de sexting nos Estados Unidos. O neologismo diz respeito à junção de sex (sexo) e texting (troca de mensagens por celular) e já é assunto de pesquisa -uma publicada no fim de 2008 mostra que um em cada cinco jovens norte-americanos com idades entre 13 e 19 anos já enviou pelo celular algum tipo de foto ou vídeo de si mesmo nu ou seminu. Entre os jovens adultos, de 20 a 26 anos, o fenômeno é ainda maior: um terço declarou já ter feito sexting.
Nas mãos de pessoas erradas, esse tipo de conteúdo pode virar um grande problema. Imagine só se um ex-namorado divulga na internet fotos e vídeos do antigo parceiro para se vingar ou manchar sua reputação? A prática existe e já ganhou denominação: "revenge porn" (pornografia da vingança, em tradução livre).
Sexting nos EUA
Um grande número de adolescentes e jovens adultos já enviou ou postou na internet fotos de si mesmos nus ou seminus. Nos EUA, um em cada cinco adolescentes afirma já ter praticado sexting, segundo pesquisa realizada no ano passado pela National Campaign to Prevent Teen and Unplanned Pregnancy (campanha nacional para prevenção de casos de gravidez entre adolescentes e gravidez indesejada).
O estudou trabalhou sobre 1.280 entrevistas com adolescentes (13 a 19 anos) e jovens adultos (20 a 26 anos).
A pesquisa aponta que 71% das adolescentes e 67% dos adolescentes enviaram ou postaram conteúdo sexual para seus namorados -21% das meninas e 39% dos meninos disseram que enviaram conteúdo para alguém que eles queriam namorar ou sair junto.
Dos entrevistados, 15% afirmaram que enviaram imagens de si mesmos nus ou seminus para pessoas que eles só conheciam por meio da internet.
A pesquisa demonstrou que todos sabem que material desse tipo é potencialmente perigoso: 75% dos adolescentes e 71% dos jovens adultos disseram que enviar conteúdo com sugestão sexual "pode ter sérias consequências negativas".
Eles sabem, também, que muitas vezes suas imagens são compartilhadas com pessoas que eles nem conhecem.
"Acho que uma das principais preocupações em relação aos jovens é que eles compartilham informações em demasiado. Colocam fotos em redes sociais, dizem para onde vão. Isso é um perigo", afirma Stephen Balkam, presidente do Fosi (Family Online Safety Institute; instituto para segurança on-line da família, em tradução livre).
Os motivos para o sexting são variados: a maioria diz que é uma atividade divertida e de flerte. Entre as garotas, 51% dizem que a pressão dos garotos é a razão pela qual elas enviam as imagens. Enviar um presente sexy para o namorado também é um dos motivos. Os adolescentes dizem ainda que, em alguns casos, enviam conteúdo provocante como resposta a um que já receberam.
Para 40% das meninas, enviar essas imagens ou mensagens é uma piada; 34% já fizeram isso para se sentir sexies.
Entre os motivos de preocupação dos adolescentes, estão se arrepender depois, manchar a reputação, prejudicar as chances ou a relação com o outro e, em quarto lugar, desapontar a família.
Dicas para os pais
A pesquisa fornece dicas para os pais, como conversar abertamente com seus filhos sobre o que eles fazem na rede e no celular, saber com quem eles se comunicam e impor limites para tempo de uso das ferramentas. E recomenda ficar de olho no que eles postam em perfis.
"Converse com seu filho sobre o que você considera um comportamento "eletrônico" apropriado. Assim como certas roupas saem do limite ou certos modos de falar não são aceitos em casa, deixe claro o que é e o que não é permitido on-line", diz o texto.