A terça-feira foi mais um dia típico para John Chow, blogueiro e empresário de internet em Vancouver, Canadá. Chow ofereceu aos 50 mil seguidores que tem no Twitter uma fotografia de seu almoço (filé de frango grelhado e batatas fritas), discutiu o clima em Vancouver e postou um novo link para o seu blog de negócios na Internet. Depois, faturou US$ 200 informando aos seus leitores onde podiam comprar chocolates M&M com rostos, mensagens e cores personalizados.
Chow está entre as celebridades, blogueiros e usuários comuns de internet que estão permitindo que anunciantes enviem mensagens pessoais aos contatos pessoais de suas listas em serviços de redes sociais. Há um mês, ele vem usando os serviços da Ad.ly, uma empresa iniciante sediada em Los Angeles, e da Izea, sediada em Orlando, Flórida, para entregar temporariamente o controle de sua página do Twitter a anunciantes como a Charter Communications, a Make a Wish Foundation e a um seminário online que ensina aos inscritos como trabalhar de casa. Em outubro, Chow faturou cerca de US$ 3 mil com os anúncios veiculados em seu Twitter. "Basta apertar um botão e eu recebo", ele disse.
Trata-se talvez da última fronteira no mundo da publicidade -convencer pessoas comuns a enviar uma ou duas linhas de texto que divulguem a mensagem de anunciantes pagantes a seus amigos e admiradores. A ideia, de acordo com os empresários que estão desenvolvendo programas desse tipo para o Twitter e outros serviços de redes sociais na web, é a de que as pessoas confiam nas recomendações de amigos que conhecem e aos quais respeitam, enquanto tendem a ignorar cada vez mais quase todas as outras formas de mensagem publicitária, sejam em mídia impressa, na televisão ou online.
Mesmo os gigantes da internet começam a receber com mais agrado a ideia de aproveitar conversas informais entre amigos online para promover seus produtos e serviços. Este mês, a Amazon anunciou que começaria a pagar comissões a indivíduos que encaminhem compradores ao site por meio de mensagens no Twitter. (Os interessados precisarão primeiro se inscrever no Amazon Associates, programa sob o qual a Amazon paga a sites pelos clientes encaminhados a ela.)
Mas maior oportunidade pode estar em fornecer uma aproximação entre os anunciantes e os chamados formadores de opinião -os usuários mais populares de serviços como o Twitter. Diversas empresas iniciantes, como a Ad.ly, Izea e Peer2 -parte da Creative Asylum, uma agência de publicidade instalada em Hollywood-, estão tentando explorar a oportunidade de inserir mensagens persuasivas no diálogo regular das redes sociais.
"Não queremos criar um exército de spam e não estamos tentando transformar o Twitter e o Facebook em redes gigantes de spam", disse Joey Caroni, co-fundador da Peer2. "Tudo que estamos tentando é convencer os usuários a se tornarem divulgadores para nós".
Para as celebridades e blogueiros mais populares do Twitter, publicidade desse tipo pode gerar remuneração surpreendentemente polpuda. A Ad.ly e a Izea, que opera um serviço chamado Sponsored Tweets, afirmam que celebridades como Kim Kardashian, Dr. Drew e o músico Ernie Halter podem faturar até US$ 10 mil com o envio de uma única mensagem às suas centenas de milhares de seguidores. (Uma amostra de Tweet publicitário de Halter, que incluía um link: "Hey! Cheese doodles está oferecendo prêmios bacanas no concurso ¿rock the cheese¿. confira!")
A Izea recebe pelo menos 15% do dinheiro pago pelos anunciantes aos usuários mais populares do Twitter, e essa proporção pode atingir os 50% no caso de usuários menos conhecidos. Já no caso da Ad.ly, a comissão recebida é de 30% para todos os participantes. Embora ambas as empresas gostem de ressaltar suas conexões para com celebridades e o envolvimento de grandes anunciantes como Microsoft e NBC em suas campanhas, o que realmente as entusiasma é a perspectiva de criar contato publicitário entre usuários menos conhecidos da internet e um imenso conjunto de anunciantes de menor porte.
Por exemplo, um especialista em ciclismo cujo perfil no Twitter conte com mil seguidores poderia aceitar enviar uma mensagem a eles sobre um novo capacete para bicicleta -e essa mensagem seria recebida com confiança implícita pelos seguidores.
Um problema quanto à ideia é o fato de que muitos usuários de internet rejeitam o conceito desse tipo de anúncio, alegando que a prática comercializa os diálogos autênticos e solapa a credibilidade dos envolvidos. "Isso interfere no relacionamento que você mantém com os seus amigos e com a sua audiência", disse Robert Scoble, que mantém um blog sobre tecnologia e tem mais de 100 mil seguidores no Twitter. Ele diz que elimina imediatamente da lista de pessoas que segue qualquer assinante que lhe envie anúncios.
O Facebook não permite que seus membros insiram publicidade paga em suas páginas de perfil ou atualizações de status. "Em nossa opinião, isso contraria a autenticidade da página", diz Brandon McCormick, um porta-voz da companhia. A Peer2 contorna essa proibição ao oferecer aos usuários participantes de seu programa publicitário recompensas em formas de pontos; esses pontos podem ser trocados por produtos no site da Amazon.com.
Tradução: Paulo Migliacci ME