Agência Fapesp
SÃO PAULO - Uma parceria internacional permitirá ao INPE receber dados de
satélites operados por países estrangeiros. O objetivo é ter mais dados em mãos
e conseguir prever tragédias como a que afetou a região serrana do Rio neste
janeiro.
O International Charter Space and Major Disasters, que distribui dados
orbitais para auxiliar países afetados por desastres naturais, fornecerá ao
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) imagens e informações de
satélites que poderão ser utilizadas nos trabalhos de recuperação e prevenção na
região serrana do Rio de Janeiro.
As imagens serão entregues à Defesa Civil, usuária autorizada no Brasil. A
aquisição e liberação gratuita de dados espaciais pelo International Charter
ocorrem em situações de emergências.
“Diferentemente do que ocorre no Inpe, que distribuiu a qualquer tempo e sem
custo algum seus dados a todo usuário, o International Charter reúne agências
que normalmente comercializam suas imagens e produtos de sensores ópticos e de
radar. Portanto, essas imagens do Charter somente poderão ser utilizadas pelos
destinatários diretos envolvidos nos desastres e para os fins específicos nas
missões de auxílio”, disse o chefe da divisão de geração de imagens do Inpe,
Ivan Márcio Barbosa.
Desde 2000, quando foi criado, o International Charter Space and Major
Disasters beneficiou aproximadamente uma centena de países, em cerca de 300
episódios como terremotos, furacões, ciclones, inundações e incêndios, entre
outros.
Em 2010 o Brasil passou a fazer parte do International Charter. A partir do
lançamento do CBERS 3, em 2012, o Brasil poderá ser também um ativo fornecedor
de dados de satélites para essas ocasiões de calamidade.
Além do Brasil, por meio do Inpe, integram o International Charter para
fornecimento de dados instituições e agências espaciais do Canadá, França,
Japão, Argentina, China, Índia, Inglaterra e Estados Unidos.
Diante de um desastre, tão logo o International Charter seja acionado, os
membros se mobilizam na aquisição prioritária de dados de satélite com foco na
região atingida. Há um esforço concentrado para geração de produtos que possam
auxiliar as autoridades e agentes locais, como a Defesa Civil.
Enchentes no Peru e na Bolívia, um ciclone nas ilhas do Pacífico, o terremoto
no Chile, a erupção vulcânica na Islândia e o derrame de petróleo do Golfo do
México estão entre os episódios que contaram com o auxílio do International
Charter, como ocorrerá agora nos deslizamentos e inundações no Rio do Janeiro.
Além de acionar o International Charter, a Coordenação de Observação da Terra
do Inpe está adquirindo imagens de outros satélites das regiões atingidas pelas
chuvas. Esses dados poderão ser utilizados sem custo por órgãos de Defesa Civil
e, também, pelos pesquisadores do instituto.