Cauã Taborda, de INFO Online
SÃO PAULO - Caio Túlio Costa, Marcelo Branco e Soninha Francine, nomes
envolvidos nas campanhas de Marina Silva, Dilma Rouseff e José Serra,
respectivamente, se reuniram em um debate na tarde de ontem na Campus Party para
discutir a primeira eleição com participação crucial das redes sociais.
Os participantes levaram suas experiências e modo de trabalho na primeira
participação significativa da internet em uma eleição presidencial, segundo
eles. “Nas eleições passadas era proibido o uso livre da internet. A mudança na
lei deu a possibilidade de novos atores políticos entrarem na campanha com seus
próprios conteúdos”, afirma Marcelo Branco.
Os especialistas partilharam seus feitos, como da campanha do PT, que segundo
Marcelo tinha uma estratégia de mobilizar as pessoas para a campanha offline e
trocar informações e organizar os militantes. Outro ponto destacado por Marcelo
na estratégia do PT foi o uso de influenciadores, pessoas com uma base de
seguidores nas redes sociais, com certo prestígio, que apoiaram a candidatura e
fizeram parte da rede e ações. “Pela primeira vez a blogosfera participou como
formadora de opinião”, diz Marcelo.
Mas nem tudo ocorreu da maneira ideal. Tanto Marcelo como Soninha enfrentaram
problemas nas campanhas. O principal, destacado por eles, foi a falta de uma
política unificada de comunicação. “Não tivemos uma coordenação articulada e
unificada de comunicação. Não houve convergência das mídias”, afirma Soninha.
Para ela, fica a decepção de as campanhas não terem atingido os cidadãos não
politizados e o tempo curto. “A internet não pode ter o mesmo tempo limite das
outras mídias na campanha”, diz.
Esse é um dos pontos que, segundo Caio Túlio Costa, a campanha de Marina
Silva se destacou. Por contar com uma gestão unificada de comunicação, foi mais
fácil veicular mensagens, sempre de tom positivo, e trabalhar de maneira
diferenciada. “No Orkut falamos com os evangélicos, no Facebook com mulheres e
público mais intelectualizado e com jovens e vanguarda no Twitter”, informou
Caio Túlio.
Outro ponto crucial, e comum a todas as estratégias, foi o monitoramento
contínuo de mensagens nas redes sociais, classificando o conteúdo entre
positivo, negativo e neutro, permitindo que situações delicadas tivessem uma
ação rápida e precisa.
Para os três profissionais fica o aprendizado dessas eleições e, segundo
eles, a participação cada vez mais intensa das redes sociais e estratégias
diferenciadas nas campanhas futuras.