No Twitter, terroristas divulgam mensagens que incitam o ódio religioso. No Facebook, a Casa Branca alerta cidadãos sobre a ameaça de novos atentados. Em ambos, vítimas relatam em tempo real o drama de quem vive em meio a uma guerra. São provas de que nos últimos anos as redes sociais se tornaram personagens ativos na guerra contra o terror.
Desde o final do ano passado, autoridades americanas monitoram mensagens terroristas no microblog Twitter. Escritas em árabe por simpatizantes da Al-Qaeda, contém links para notícias e frases a favor da jihad, a proclamada "guerra santa" contra o ocidente. A iniciativa ainda é tímida, mas preocupa porque pode atrair ainda mais integrantes às organizações terroristas.
O pesquisador em islamismo na Universidade de Braslei (EUA), Aaron Zelin, lembra que nos anos 90 terroristas já utilizavam fóruns de discussão para divulgar suas ideias na internet. Mas que nos últimos anos aderiram às Redes Sociais para ter mais liberdade sobre o conteúdo postado. "Esses sites deram poder para um grupo novo de indivíduos. Deram status a uma nova geração, transformando a jihad global em um movimento social", diz.
Sem ter como controlar as manifestações extremistas na internet, resta o governo dos Estados Unidos tentar usar as Redes Sociais em seu favor na luta contra o terrorismo. Por esse motivo, o presidente Barack Obama anunciou em abril que Twitter e Facebook farão parte do novo alerta de atentados do país. Pela primeira vez, o sistema avisará internautas imediatamente caso haja uma ameaça de ataque terrorista.
Zelin não se surpreende que as redes sociais sejam um território tão controverso. Segundo ele, tanto governo quanto terroristas usufruem da internet da mesma forma como fizeram com a mídia tradicional no passado. "A diferença é que agora a informação atinge outros nichos e uma audiência ainda mais ampla", diz.
A guerra em tempo real
Graças às redes sociais também é possível acompanhar o minuto a minuto da guerra contra o terror através de testemunhas. Em abril, o mundo ficou sabendo da operação que matou Osama Bin Laden no Paquistão ao mesmo tempo em que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, acompanhava do seu gabinete. O responsável foi o técnico de informática Sohaib Athar que relatou no Twitter a movimentação atípica de helicópteros e explosões perto de sua casa.
Enquanto isso, soldados compartilham através das redes sociais como é viver as consequências da guerra. O britânico Leigh, veterano do Iraque e do Afeganistão, narra para os seus seguidores o seu dia a dia com Transtorno de Estresse Pós-Traumático. Nos Estados Unidos, a americana Cheryl Gansner relata a recuperação do seu marido - um soldado ferido gravemente por uma bomba caseira no Iraque.
Para o blogueiro especialista em mídias sociais, Brian Solis, são exemplos de que, pela primeira vez, podemos acompanhar os eventos se desenvolverem em tempo real e atingirem as pessoas que estamos seguindo. E isso só é possível graças às novas ferramentas de comunicação, que fizeram o contexto tão importante quanto o conteúdo "Hoje nós ficamos sabendo o que está acontecendo diretamente de quem está na linha de frente. E isso nos faz sentir. Fazer parte. Ser inspirado para agir", conclui.