"Em geral, aqueles que
são vítimas de
ciberbullying tendem a
ter maior tensão mental
e satisfação menor no
trabalho", diz Iain
Coyne, da Universidade
de Nottingham, parceira
na pesquisa.
Segundo o
pesquisador, em um dos
estudos realizados o
efeito do ciberbullying
se mostrou mais
devastador do que o
bullying convencional.
Além disso, descobriu-se
que o impacto de
presenciar o bullying
virtual foi diferente do
visto no convencional.
"Na literatura
convencional, as pessoas
que testemunham
situações de assédio
também apresentam
evidências de redução do
bem-estar. No entanto,
na nossa pesquisa, isso
não aparece no caso do
ambiente virtual. As
testemunhas (do
ciberbullying) são bem
menos afetadas",
declarou Coyne.
Para Coyne, uma das
razões para tal reação
pelas testemunhas pode
estar no que ele chama
de "natureza remota do
ciberespaço", que
levaria as pessoas a dar
menos ênfase ao
sofrimento da vítima.
"Isso pode afetar a
reação da testemunha ao
bullying e
potencialmente
determinar se ele vai
tomar alguma atitude,
como reportar ou
interferir", completa o
pesquisador.
Dado: 80% já
sofreram assédio na rede
No estudo, que será
apresentado ainda este
ano, os pesquisadores
devem dar sugestões de
como os empregadores
podem lidar com o
bullying virtual em suas
equipes, especialmente
do ponto da vista da
prevenção.
O estudo incluiu três
pesquisas separadas
entre empregados de
várias universidades do
Reino Unido. As
perguntas para os
entrevistados tratavam
sobre suas experiências
com o ciberbullying no
ambiente de trabalho.
"Nós demos uma lista do
que poderia ser
classificado como
bullying, como ser
humilhado, ignorado ou
alvo de fofoca, e
perguntamos se eles
enfrentam esse tipo de
assédio online e com que
frequência", explica o
Dr Coyne.
Dos 320
entrevistados, cerca de
oito em cada 10
experimentaram uma das
ações de ciberbullying
descritas pelo
questionário pelo uma
vez nos últimos seis
meses. Os resultados
também mostraram que
entre 14% e 20% dos
participantes
experimentam esse tipo
de assédio em base
semanal - frequência
similar à do bullying
convencional.
Fenômeno encarado
como novo por
pesquisadores, o
ciberbulling tem, até o
momento, sido associado
ao comportamento de
jovens, com estudos e
casos mais chamativos
também focados em
crianças e adolescentes,
e no ambiente escolar.
Um dos casos recentes
mais emblemáticos do
bullying é o da
adolescente Amanda Todd,
15 anos, que se matou
por enforcamento depois
que imagens nas quais
ela aparece mostrando os
seios começaram a
circular pelo Facebook e
em outros sites. Mesmo
depois de ter mudado de
cidade e de escola, o
assédio não parou. Seu
perfil no Facebook virou
um
memorial que
atraiu 750 mil curtidas
dias após sua morte. A
mobilização para
descobrir o culpado
envolveu até o
grupo hacker Anonymous.
Outros países também
relatam casos de
violência iniciada na
internet. Em setembro,
por exemplo, um juiz
britânico chamou o
Facebook de
"combustível da
violência" ao
sentenciar um garoto que
tinha agredido outro
depois de uma discussão
na rede social.