Em um dos casos, o usuário do YouTube estava a apenas dois
cliques de distância de um clipe que mostra um parto, partindo
de um vídeo de "Vila Sésamo", afirmou a companhia de segurança
na computação Kaspersky, que conduziu a pesquisa. A lista de
vídeos recomendados, exibida na barra direita da página ao lado
do vídeo que está sendo assistido, oferecia um caminho que
conduz a conteúdo explícito, constataram os pesquisadores.
Um estudo separado envolvendo 24 mil jovens constatou que 27%
das crianças entre sete e 11 anos e quase metade dos jovens
entre os 11 e os 19 anos haviam encontrado algo que consideram
"doloroso ou desagradável" online nos últimos 12 meses.
A pesquisa vai sublinhar as crescentes preocupações quanto à
falta de proteções robustas para as crianças no ciberespaço.
PROTEÇÃO
O ministro britânico da Criança, Edward Timpson, disse que
"sabemos como é importante que os jovens fiquem seguros e que
contem com apoio no seu uso da internet, e que os pais possam
confiar em que seus filhos estão protegidos contra conteúdo
prejudicial".
"Já demos passos importantes para tornar o acesso à internet
menos perigoso para as famílias, e continuaremos a trabalhar com
o setor, com os pais e com os jovens para criar uma internet
ainda mais segura no futuro", afirmou.
O estudo da Kaspersky sobre o YouTube oferece diversos
exemplos que mostram que crianças estão a entre dois e quatro
cliques de conteúdo possivelmente reprovável, no mais popular
site mundial de vídeo. Em um caso, um vídeo musical que mostrava
armas e continha palavrões estava a dois cliques de um clipe do
Rastamouse, para quem seguisse as listas de vídeos sugeridos do
YouTube.
"É preocupante perceber o quanto é simples para uma criança
encontrar vídeos com conteúdo adulto no YouTube", disse David
Emm, pesquisador sênior de segurança da Kaspersky Lab.
O YouTube dispõe de um modo de segurança que pode bloquear
conteúdo indevido, por exemplo material pornográfico ou
comentários obscenos. O Google admite que o recurso de segurança
não tem "100% de precisão" porque depende em parte de que
usuários classifiquem os vídeos como inapropriados, para que o
sistema funcione.
SÓ MAIORES DE 13
Como o Facebook, o YouTube recomenda que o site só seja usado
por usuários com pelo menos 13 anos de idade. Mas as duas
empresas reconhecem que não há como garantir que isso aconteça.
A pesquisa entre 24 mil jovens, conduzida pelo UK Safer
Internet Centre, constatou que mais de um terço das crianças de
sete anos de idade e 45% dos jovens entre os 16 e 19 anos
afirmam não ter sido instruídos sobre como preservar sua
segurança online.
Emm, da Kaspersky, disse que a pesquisa sobre o YouTube
destaca o potencial perigo de permitir que crianças usem a
internet desacompanhadas. "A facilidade de acesso a conteúdo
inapropriado na internet é parte do debate mais amplo sobre o
possível controle ou censura da internet", disse.
YOUTUBE E 'SERIEDADE'
Um porta-voz do YouTube afirmou que "encaramos com muita
seriedade a segurança em nossa plataformas, e trabalhamos em
estreito contato com organizações de caridade, outras empresas
do setor e instituições governamentais para proteger os jovens".
"O YouTube oferece diversos recursos a pais e educadores,
como um currículo online e ferramentas como o modo de segurança,
que os pais podem usar para filtrar conteúdo e comentários a que
objetem", disse o porta-voz.
Alguns provedores de internet oferecem aos pais recursos para
filtrar material inapropriado, a exemplo de vídeos violentos ou
pornográficos, como modo padrão de operação. A BT, maior
provedora de acesso à internet no Reino Unido, conta com
controles de proteção familiar capazes de filtrar conteúdo do
YouTube e bloquear sites inapropriados. O pacote HomeSafe, da
TalkTalk, é usado por 460 mil dos cinco milhões de assinantes do
provedor.