Não faz muito tempo que a Microsoft idealizou um futuro ousado. Ela tinha um sistema operacional voltado para touchscreens, um híbrido de notebook com tablet e um console projetado não apenas para jogos, mas também para ser seu centro de entretenimento. Mas agora a Microsoft está recuando, e corremos o risco de perder todas as coisas boas que ela se arriscou tanto para fazer.
Dois passos para frente, um para trás
Entre o Windows 8 e o Xbox One, a Microsoft recuou bastante nos últimos tempos, mas fazer isso não é exatamente o problema. Apesar de todo o potencial deixado para trás, eram mudanças necessárias. Não vale a pena criar O Futuro se você afasta todo mundo enquanto tenta chegar lá.
Por um tempo, era exatamente isso o que acontecia. A relutância em fundir a interface Metro do Windows 8 com o familiar e reconfortante desktop era um erro que precisava ser corrigido. A tentativa de deixar o Xbox One pronto para um futuro sempre conectado e livre de discos fez com que jogadores pelo mundo se revoltassem antes do console ser lançado. Ambas as ações da Microsoft tinham méritos ao pensar no futuro, mas elas estavam à frente do nosso tempo – e, compreensivelmente, eram difíceis de serem digeridas pelo público geral.
Assim, tivemos nossa primeira rodada de recuos da Microsoft. Admissões importantes e medidas de fracasso que permitiram à Microsoft avançar a partir das críticas e seguir seu caminho, agora a uma velocidade que não deixaria todo mundo enjoado. Com o Windows 8.1 e 8.1 Update, a Microsoft introduziu algumas pequenas mudanças que tornaram o sistema operacional mais familiar ao mesmo tempo que manteve as melhores partes que fizeram do Windows 8 tão inovador.
Ao mesmo tempo, o Xbox One abandonou a necessidade de estar sempre conectado e fez o Kinect ser opcional sem completamente eliminar as funcionalidades de voz, câmera e nuvem, a combinação de fatores que faz o console ter um ar tão futurista.
Podemos notar um padrão por aqui: primeiro, pense no futuro e assuste todo mundo. Depois, recue um pouco e apare as arestas.
Mas há um terceiro passo, provavelmente o mais importante: volte a andar para frente (a uma velocidade razoável). Este, no entanto, a Microsoft não parece disposta a fazer.
Recuo total
As medidas anteriores da Microsoft pareciam bem calculadas e necessárias, mas elas continuam sendo tomadas. E o tom está começando a mudar.
A mudança começou com rumores de que o anúncio do Windows 9 seria feito durante a conferência para desenvolvedores da Microsoft neste ano. O abandono total do Windows 8 não aconteceu, mas uma pequena alteração foi apresentada: o menu Iniciar está voltando. De todas as coisas que estavam erradas no Windows 8, a ausência do menu Iniciar não era uma delas. Claro, a tela Iniciar é um pouco diferente do que estamos acostumados, mas é idêntica em funcionalidade. E até melhor! As mudanças que vieram com o Windows 8.1 provaram isso.
A tela Iniciar era emblemática para o progresso do Windows 8 e o mundo dos toques que a Microsoft tenta agarrar. Sua remoção – após tanta persistência – parece a primeira de muitas reviravoltas frívolas. Reviravoltas que podem desfazer tudo o que a transição do Windows 7 para o Windows 8 conseguiu fazer. O Windows 8.1 e a sua atualização eram necessários. Mas trazer de volta o menu Iniciar é se render.
Enquanto a volta do menu Iniciar é meio simbólica, mais um alerta perigoso do que um pecado mortal, o novo Xbox One sem Kinect pode ter consequências mais graves. É algo que parecia provável desde que a Microsoft fez o Kinect não ser mais obrigatório, e sem dúvidas é uma decisão prática para competir diretamente com o PS4 de US$ 400, mas um Xbox One sem um Kinect é uma mudança silenciosa, mas irreversível, do que poderia ser o futuro dos consoles de jogos.
Não é uma alteração que a Microsoft está fazendo explicitamente. Em vez disso é uma escolha dada a jogadores que agora podem gastar menos para comprar um Xbox One sem Kinect. E quem pode culpá-los? O Kinect ainda não vale os US$ 100 que custa e é injusto que as pessoas sejam forçadas a subsidiar uma tecnologia em desenvolvimento, mas agora o potencial bloqueado do Kinect está sendo deixado de lado. O Xbox está se tornando “apenas mais um console”, em um mundo que já tem o PS4 e PCs.
Não esqueça o sonho
Mas quem sou eu para criticar os prós e contras de um plano de negócios? O Xbox One sem Kinect ajudará a financiar a pesquisa do Illumiroom? As vendas empresariais do Windows 8.1 com menu Iniciar vão ajudar no desenvolvimento de um Windows 9 que executa a promessa do pós-PC de uma maneira que o Windows 8 não conseguiu? É apenas uma retirada estratégica com a retomada pensada para o futuro? Não sei. E nem tenho como saber! Não posso nem fingir que conheço os detalhes dos negócios da Microsoft.
Mas o que eu sei é que como geek, gamer e fã do futuro, estou começando a ver todo o potencial sensacional de computadores de Star Trek escondido no Xbox One e Windows ser deixado de lado.
A corrida da Microsoft para o mundo além da computação em desktop tem sido frenética às vezes, confusa em outras, e até absurda em certos momentos. Mas sempre foi empolgante, e essas mudanças recentes parecem o início de quando tudo isso pode ser deixado de lado. E pode nos levar a um futuro em que a Microsoft acaba perdendo todo o espaço que já conquistou.
Então por favor, Microsoft, não desista do futuro. Não estou preparado para abandonar esse sonho.
Fonte: Boa Dica
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